Só joga com autorização das esposas
! Conheça o Real Madruga, de Mariana
- MG
Time amador de
Mariana estabeleceu regra que
jogadores só entram em campo com
autorizações por escrito de esposas,
namoradas e companheiras
Ei, peladeiro! Você cresceu jogando
futebol com seus amigos, seja na
rua, no lote vago, na quadra, na
terra, na grama.
Mas chega o dia em que você se casa
ou encontra uma companheira que
detesta futebol e quer ver você
longe da bola. O que fazer? Pois um
grupo de amigos da histórica cidade
mineira de Mariana 'oficializou'
esse drama de tantos homens.
Por lá, no time amador do Real
Madruga, só entra em ação quem tem
autorização por escrito da esposa ou
da namorada.
Criado em 2013 para jogos de futebol
society, o
Real Madruga é formado por
amigos advindos do campo e do
futsal. O nome é uma homenagem dos
integrantes aos seriados mexicanos
Chaves e
Chapolin Colorado, dos quais
são fãs.
No Instagram, a página
do time tem
quase oito mil seguidores.
"O Seu Madruga
- interpretado no Chaves pelo
saudoso ator mexicano Ramón Valdés -
é a cara do povo brasileiro. Por
isso, demos o nome dele ao time",
diz Alexandre
dos Reis Santos, de 33 anos,
sinaleiro e presidente do clube.
O
uniforme do time é o mesmo do
personagem Chapolin Colorado. Os 15
integrantes entram em quadra às
quartas, para a tradicional pelada,
e aos sábados para jogos contra
times de Mariana, Ouro Preto e
região. "É
diversão pura!",
diz Alexandre.
O
Real Madruga
esteve perto de deixar de existir
alguns anos atrás pelo excesso de
faltas dos seus componentes.
"Ninguém dava
uma justificativa plausível. Aí,
começamos a desconfiar que tinha
alguma coisa errada e que eram com
as mulheres", lembra o
presidente.
"Um dia, um
jogador acabou confessando que o
problema era sua mulher. Ela ficava
'inventando' coisas pra ele fazer em
casa e não o deixava sair de jeito
nenhum. A mulher não queria que ele
fosse jogar futebol",
acrescentou Alexandre.
Por causa das restrições
matrimoniais, surgiu então a ideia
de brincar com esse drama dos
'madrugas'. Só entraria em campo
quem apresentasse uma autorização da
companheira por escrito.
"Foi uma
brincadeira que deu certo. O futebol
é leve, descontraído e divertido.
Pois a ideia pegou. As mulheres
gostaram e aderiram. Passaram a dar
a autorização. Quem não trouxer a
autorização, a gente não deixa
jogar", explicou o
mandatário.
Fábio Júlio da Silva, de 42 anos,
técnico de segurança do trabalho,
diz que sua esposa, Josiane Roberta
dos Santos Silva, era uma das que
mais proibia.
"Hoje, eu só jogo depois de fazer
todos os deveres de casa com os
filhos. Lavo vasilhas, cuido dos
meninos, faço as compras
necessárias. Somente depois disso é
que ela deixa eu ir jogar."
"A gente tem
de fazer mesmo uma graça em casa
para poder se divertir com os
amigos. Sou parceiro das esposas.
Fui o primeiro a chegar pra jogar
com a assinatura da mulher. Ela é
brava. Vai comigo nos jogos e
peladas. Eu brinco com o povo que
ela é o general", contou
Fábio.
João Paulo, de 34 anos, é o
vice-presidente do time. Ele se gaba
criação do documento.
"Só
nós tivemos coragem de fazer isso.
Mas vivíamos uma situação comum no
esporte amador. Tem time aqui da
cidade que geralmente falta um ou
outro porque a mulher não deixou ir
jogar."
Segundo ele, muitas vezes deixaram
de jogar uma pelada porque faltavam
jogadores.
"A gente já desconfiava. Acabado o
jogo ou a pelada, vem a resenha, que
tem cerveja e conversa fiada. E
muitas vezes extrapolamos a hora. E
não há nada pior para irritar uma
mulher como passar da hora."
Depois da autorização, até as
mulheres aderiram ao grupo.
"Passamos a
combinar com elas. Cada vez mais
elas participam da resenha. Minha
mulher, Ana Luíza, não gostava, pois
a resenha era demorada. Ela acabou
acostumando justamente depois de
criarmos a autorização",
contou João Paulo.
E o que as mulheres pensam?
Ana Luíza Santana, de 26 anos,
confirmou a versão do marido.
"Eu já estava no meio da turma. A
decisão deles foi uma surpresa, pois
foi uma novidade, principalmente pra
gente que proibia. Acabei me
acostumando. Hoje vou aos jogos. Às
vezes, eles extrapolam na cerveja,
mas a gente está junto."
Josiane se mostra mais rigorosa.
"Olha, tem de ter a permissão da
mulher, sim. Se não ajudarem em
casa, não podem jogar. Achei ótimo.
Muitas das mulheres contaram que o
marido não ajudava em casa. Agora,
todos ajudam, e isso é espetacular."