Área que
abriga o Mercado Central em
BH foi
o primeiro campo gramado de
Minas Gerais
Estádio, que tinha ainda praça de esportes,
funcionou até 1927 e
pertenceu ao América..
A
partir de 1923, a maioria dos
jogos do Campeonato Mineiro
era disputada no estadinho do
América (de
branco),
que lá conquistou o
decacampeonato estadual:
arquibancada coberta estava
entre as novidades..
Avenida
Paraopeba, hoje Avenida
Augusto de Lima, no espaço
contornado ainda pelas ruas
Santa Catarina, dos Goitacazes
e Curitiba. Ali existia um
campo de futebol, o primeiro
gramado em Minas Gerais.
Pertencia ao América. Virou o
Mercado Central em 1929.
Antes, por cinco anos, muitos
jogos do Campeonato Mineiro
ocorreram por lá, incluindo
algumas conquistas emblemáticas,
como o decacampeonato do
Coelho.
Era
uma Belo Horizonte muito
diferente da atual. Os espaços
para o futebol eram como os de
várzea, todos de terra. Do
outro lado, onde hoje está
localizado o Minascentro, que
outrora foi a Secretaria de
Estado da Saúde, ficava o
campo do Atlético.
Já naquela época, a política
imperava. O América era o
grande rival do Atlético. Os
dirigentes do alviverde se
mobilizaram para que o clube
tivesse seu próprio estádio.
Mais que isso, uma praça de
esportes.
O presidente era Ramiro de
Barros. Em 1922, os jogadores
do América foram convocados
para representar a Seleção
Mineira num amistoso contra a
Seleção Carioca, no Rio de
Janeiro, quando houve empate
por 2 a 2. Nascia ali a idéia
de erguer em Belo Horizonte um
estádio nos moldes dos que
existiam no Rio de Janeiro, em
especial o do Fluminense, nas
Laranjeiras.
Barros formou uma comissão
para articular a campanha. No
início de 1921, o clube
consegue, junto à prefeitura,
a concessão do terreno na
Avenida Paraopeba. Além
disso, obteve uma subvenção
de seis contos de réis. No
entanto, para construir um estádio
eram precisos mais 40 contos
de réis. E o clube viabilizou
a verba por meio da ajuda de sócios.
O espaço seria inovador,
incluindo outros esportes,
algo que ainda não existia na
jovem capital.
Na
verdade, o que ocorreu a
partir daquele jogo no Rio de
Janeiro foi a continuidade de
uma história que começou em
1913, quando o América ganhou
o usufruto do terreno, onde
funcionava o Minas Gerais, um
time de futebol que tinha sócios.
Segundo um decreto da
Prefeitura de Belo Horizonte,
o clube passava a ter direito
ao quarteirão 21, da 3ª Zona
Urbana, localizado na Avenida
Paraopeba, entre as ruas
Curitiba e Santa Catarina, o
que estava registrado em cartório.
Em contrapartida, pela cessão
do terreno, o América estava
obrigado a receber os sócios
do Minas Gerais, como foi
feito.
Em 1921, de posse da área e
com os recursos, mãos à
obra. A construção foi
iniciada em 2 de maio daquele
ano. Era uma legítima praça
de esportes, onde constariam
um campo de futebol gramado,
uma quadra de tênis, uma
pista de patinação, um
estande de tiro ao alvo, além
de uma quadra cimentada para vôlei
e basquete.
Chega então o dia 6 de maio
de 1923. Finalmente, depois de
mais de dois anos de obras, o
estádio é inaugurado –
antes, em 7 de setembro de
1922, quando só o campo
gramado estava concluído,
houve um jogo entre América e
Palestra Itália, que terminou
empatado por 3 a 3.
A novidade encantava o público.
Havia a grama, os vestiários,
banheiros. Mais do que isso:
pela primeira vez, uma
arquibancada, que media 60
metros de comprimento por 12
de largura. Parte dela era
coberta. Era o melhor estádio
de Minas Gerais e, como conseqüência,
todos os jogos do Certame
Mineiro – como era conhecido
o campeonato estadual –
passariam a ser jogados ali.
A inauguração foi um dia de
gala. Praticamente toda a
cidade se dirigiu ao “campo
do América” para acompanhar
a solenidade, que colocava
Belo Horizonte e Minas Gerais
no mapa do futebol brasileiro.
E a partida, América x América
-RJ, foi tratada como um
acontecimento de estado, tanto
que coube ao então presidente
do estado (como era chamado o
governador à época) Raul
Soares dar o chute inicial. E
o fez de fraque, cartola e
bengala. Foi um chute mascado,
desajeitado, mas fora dado o
pontapé inicial do estádio.
A torcida era toda do time
mineiro. Ninguém admitia
torcer para os cariocas. No
entanto, o resultado seria
decepcionante: 5 a 1 para o América-RJ.
Mas não o bastante para
apagar o clima de festa.
O período coincide com uma
fase de ouro do América, que
ali conquistou três títulos
consecutivos, de 1923 a 1925,
quando chegou ao
decacampeonato. A cessão da
área, no entanto, acabaria em
1927, com o último jogo
ocorrendo em 11 de dezembro
daquele ano, com a vitória
por 3 a 2 sobre o Atlético,
depois de estar ganhando por 3
a 0.
Para justificar o fechamento
do campo, o poder público
alegou que a cidade – então
com cerca de 90 mil habitantes
– crescia e precisava de um
local para a instalação de
um mercado central, além de
uma Secretaria de Estado da Saúde.
O
presidente do estado era Antônio
Carlos. Poucos anos antes, ele
havia decidido formar o “Triângulo
de Minas Gerais” com os três
clubes. O América, com o estádio
próximo à Praça Raul
Soares, o Atlético, que teria
o seu construído em Lourdes,
e o Palestra Itália, que
surgia como terceira força,
no Barro Preto.
Assim, o circuito foi
desfeito, com o América
ganhando um novo terreno,
desta vez na Avenida Araguaia,
que viria a ser o Estádio da
Alameda Ezequiel Dias, vizinho
à Santa Casa de Misericórdia,
desativado nos anos 1970. Principais
jogadores no1º
estádio do América
1921
Affonso
Silviano Brandão (goleiro);Otacílo
Negrão de Lima (volante);Lucas
Machado (armador);Saint
Clair Valadares (atacante);Alencar
Líscio (atacante)eGeraldino
de Carvalho (atacante)..
José de
Souza (zagueiro);Porphírio
Taboada (volante);Celso
Mascarenhas (armador);Saint
Clair Valadares (atacante)eBolivar
Moreira de Abreu (atacante)..
1924
Salim
Suaid (goleiro);Kainço
(volante);Christiano
de Souza (armador);Geraldino
de Carvalho (atacante);Adelmar
Frade (atacante)eChico
Leite (atacante)..
1925
(decacampeonato)
Salim,
Tonico e Souza; Parruda, Tango
e Sanguera; Chico Leite,
Bolivar, Satyro, Osvaldinho e
Gauchinho