Liga Atlética de Ubá atrai nomes
rodados do futebol para suas
competições
Clubes se planejam de formas
diferentes, investem em
profissionais e mobilizam público no
Campeonato Regional de Ubá
Bons públicos, clubes organizados e
times fortes, com jogadores
conhecidos, como Ibson, Augusto
Recife, Leandro Euzébio e Jóbson. O
tradicional Campeonato Regional de
Ubá, organizado pela Liga Atlética
Ubaense, há muitos anos é atração e
tem chamado atenção na Zona da Mata
mineira.
Embora seja chamado de campeonato
amador, o Regional tem despertado
interesse dos torcedores nas cidades
onde é disputado e feito com que
cada vez mais os clubes invistam em
profissionais para ir longe na
competição. O GloboEsporte.com conversou
com dirigentes e treinadores para
entender como o campeonato alcançou
este patamar, a ponto de interessar
a atletas profissionais que disputam
campeonatos estaduais e nacionais no
Brasil. Organizadora do evento, a
Liga Atlética Ubaense foi procurada,
mas não se pronunciou.
Nomes conhecidos
O Campeonato Regional de Ubá começou
a chamar atenção do público não só
pela organização do torneio, mas
também pelos atletas que passaram a
figurar nos quadros dos
participantes. Em 2019, nomes
conhecidos no cenário nacional e
regional atuaram nas equipes.
O Bonsucesso, de Ubá, é
semifinalista e uma das equipes com
mais jogadores rodados. O volante
Ibson e o meia Vinícius Pacheco,
ex-Flamengo, o zagueiro Gladstone e
volante Augusto Recife, ex-Cruzeiro,
e o goleiro Felipe, que defendeu o
Santos e atualmente joga no Sport,
estão ou já atuaram no time.
Presidente da equipe ubaense,
Leonardo Gomes, afirma que este tipo
de contratação é comum na liga, por
atender a duas necessidades das
equipes: competitividade e
marketing.
“A gente faz um misto de tudo. Todo
mundo quer qualificar o elenco e,
quando trazemos jogadores deste
tipo, além da qualidade, é um
chamariz, porque o público,
principalmente de Ubá, gosta muito
de futebol e fica distante destes
nomes. Trazer esses jogadores para a
realidade dos torcedores daqui é
muito legal e agrega à nossa marca”
–
destacou.
Outras equipes também investiram em
nomes conhecidos nesta edição do
Regional. O Guarani de Divinésia
contratou Leandro Euzébio, campeão
Brasileiro pelo Fluminense. O
zagueiro tem histórico na liga, já
que em 2018 defendeu o Spartano,
time da cidade de Rodeiro, que neste
ano contou com Francismar, meia que
defendeu Cruzeiro, Vasco e
América-MG. No Diamantense, Jóbson,
atacante que jogou por Botafogo,
Bahia e Atlético-MG, foi uma das
atrações. Também ex-Botafogo, o
volante Jonilson está no
semifinalista Itararé, e o atacante
Alexandro, o popular Alex Créu,
atuou no Montanhês, de Ervália. No
Aymorés, de Ubá, Rafael, campeão
Brasileiro pelo Flu em 2012, foi um
dos goleiros.
Jogadores com carreira ligada ao
futebol da Zona da Mata também
vestiram camisas dos clubes da
competição. No próprio Aymorés,
estavam o atacante Ademilson, o
lateral-direito Henrique, os
volantes Marcel e os irmãos Leandro
e Léo Salino. Segundo o presidente
da equipe, Antônio Ribeiro, os times
não investem apenas em atletas
famosos, mas em jogadores
acostumados com torneios oficiais e
que estejam momentaneamente sem
clube.
– A participação é muito grande.
Praticamente todos os clubes que
chegaram às oitavas tinham seus
elencos com 60% ou 70% de
profissionais. Nosso time era 100%
profissional, seja com passagem por
grandes clubes ou times com menos
expressão – contou.
Criatividade e trabalho duro para
conseguir recursos
A maneira de atrair esses jogadores
varia de time para time. Existem
clubes que pagam antecipadamente aos
atletas. Outros cumprem os
compromissos financeiros logo após
as partidas. Há agremiações que
fazem contratos com número de jogos
pré-determinados, e o Spartano,
time que implementou treinamentos
diários na cidade de Rodeiro,
em uma estrutura mais próxima de
clubes profissionais.
Em todos esses cenários, é
necessário ter dinheiro para honrar
os compromissos financeiros
assumidos. Desta forma, cada clube
usa a criatividade e os recursos
disponíveis para angariar fundos.
– Fizemos muitas reuniões até chegar
o início deste regional de 2019.
Fizemos um programa sócio-torcedor,
vendas de publicidade nos muros,
dentro e fora do campo, duas
tardezinhas com sertanejo
universitário e pagode, além da
venda de camisas, bonés e copos para
os torcedores – destacou Júnior
Ganso, responsável pelo futebol do
Industrial, de Ubá.
Leonardo Gomes diz que o Bonsucesso
paga as contas após os jogos.
Segundo ele, os próprios atletas têm
se mostrado surpresos não apenas com
a qualidade do campeonato e o número
expressivo de torcedores, mas com o
compromisso honrado pelos times.
– Muitos não recebem salário dos
clubes profissionais, têm problema
com pagamento, enquanto aqui os
times em geral cumprem o combinado
rigorosamente – contou.
Técnicos aprovam profissionalização
A parte técnica e de entendimento da
busca dos jogadores por este tipo de
competição foi abordada pela
reportagem junto a alguns
treinadores que trabalham ou
trabalharam no torneio. Um deles,
que viveu a vida de atleta e hoje
trabalha com jogadores à beira do
gramado, é Léo Medeiros, ex-volante
do Flamengo e que treinou o Aymorés
no Regional.
Ele explica que o fato do segundo
semestre ter menos competições e,
consequentemente, mais atletas sem
clube no mercado, cria a necessidade
deles se manterem bem fisicamente,
em ação e com dinheiro no bolso.
– Devido ao calendário, os atletas
que não estão jogando séries A e B
estão todos parados. É uma forma de
manter a condição física, estar em
atividade. Quando chegar o final de
novembro estará na época dos atletas
se apresentarem aos clubes. Para os
outros, que não têm o futuro
financeiramente definido, é uma
forma de pagar a conta – declarou.
"É uma liga que paga relativamente
bem, semanalmente e à vista. Tem
atleta que ganha mais jogando essa
liga do que treinando em time
profissional".
Cícero Júnior, técnico que tem
aparecido bem no interior mineiro,
com acesso no Athletic da Segunda
Divisão ao Módulo 2 em 2018, é um
profissional que também esteve no
Regional de Ubá. Eliminado na
primeira fase, ele comandou o
Spartano e fez questão de destacar a
capacidade técnica do campeonato,
que segundo ele, é superior ao
Módulo 2.
– Eu fiquei espantado com a
competitividade. Não enfrentei ou
treinei nenhum atleta que não fosse
profissional. Torneio a nível de
Módulo 2 do Mineiro, sem limitação
de idade, com um nível mais alto.
Competição com muita influência do
Rio de Janeiro, com muitos atletas
oriundos das competições e dos
clubes de lá. Fiquei muito
satisfeito em disputar esse
campeonato, que de amador só tem o
nome – disse.
O GloboEsporte.com procurou a
presidência da Liga Atlética Ubaense
para saber mais detalhes sobre a
organização da competição. Embora
tenha conseguido contato, a
reportagem não obteve resposta até a
publicação da matéria.
Entenda o campeonato
O Campeonato Regional de Ubá começou
com 16 equipes na primeira fase. Os
times foram divididos em quatro
grupos e se enfrentaram dentro da
chave, em turno e returno. Os dois
melhores avançaram à segunda fase.
Nas quartas de final, esquema
eliminatório, com duas partidas para
definir quem avançava. Dois empates
ou vitórias de equipes diferentes
levam a decisão para as penalidades
a partir desta fase. Da mesma forma
acontece nas semifinais, que estão
em andamento. Nas partidas de ida,
Itararé e Industrial (1 a 1) e
Nacional e Bonsucesso (2 a 2)
ficaram na igualdade.
Industrial e Itararé jogam a volta
neste domingo, dia
3 de novembro,
às 15h30, no Estádio Francisco
Parma, em Ubá. Bonsucesso e Nacional
se enfrentam no
dia 11,
no Sílvio Braga, também em Ubá.