Amadorismo
marrom-
Cartola
confirma pagamento a atletas
para defenderem equipes de
Ipatinga
Embora
os dirigentes de clubes
amadores do Vale do Aço
neguem com veemência, alguns
cartolas bancam dezenas de
jogadores nos campeonatos da
região. No Ipatinguense do Módulo
A deste ano essa prática se
repete. No meio da cartolagem,
o homem forte do momento é o
empresário Ailson Gilberto,
de 47 anos, campeão do
Fabricianense 2008 com o
Mangueiras, quando respondia
pela Diretoria de Futebol. O
cartola reside em Timóteo há
três anos e, desde então, já
investiu em várias equipes da
região.
Ailson
é empresário do ramo de
mineração e siderurgia. Ele
trabalha com as empresas
Usiwal, Açokorte e Elos-PPR.
Recentemente, o cartola
retirou da equipe do União
EC, que disputa o Módulo A do
Ipatinguense, mais de uma dúzia
de jogadores que ele bancava
financeiramente. O motivo foi
um desentendimento com a
comissão técnica do clube.
Em
entrevista exclusiva ao DIÁRIO
DO AÇO, Ailson Gilberto
revela detalhes dos bastidores
do futebol amador. Polêmico,
no melhor estilo Alexandre
Kalil, ele afirma que existem
árbitros corruptos em toda a
região. O cartola só
despistou quando perguntado
sobre as provas e os nomes
desses árbitros. Ailson
revela, ainda, que “o
jogador recebe de acordo com a
sua valorização no
amador”. DIÁRIO
DO AÇO
– Há quanto tempo o senhor
mexe com o futebol amador? AILSON
GILBERTO
– Estou nesse meio há 25
anos. Em Belo Horizonte, minha
cidade de origem, cheguei a
apoiar inclusive um time de
futebol feminino. DIÁRIO
DO AÇO
– Todos os anos, o senhor
gasta rios de dinheiro. Este
investimento lhe dá retorno? AILSON
GILBERTO
– Não. Faço por amor, paixão
e emoção. Tá no sangue. É
difícil explicar. Se eu não
for para a beirada de um campo
no fim de semana, é a mesma
coisa que ficar sem comer e
beber. DIÁRIO
DO AÇO
– Quanto é pago, em média,
para cada jogador? AILSON
GILBERTO
– Varia entre R$ 600 e R$
1.600. Pago um valor para a
disputa de todo o campeonato.
O jogador recebe de acordo com
a sua valorização no amador.
Há alguns que nem posso citar
quanto recebem.
DIÁRIO
DO AÇO
– Qual o jogador mais
valorizado da região hoje? AILSON
GILBERTO
– Tem vários. Por exemplo,
o Lili, Cleidinho (goleiro),
Ratinho, Lito, Caçapa e agora
o Jakson (ex-profissional). DIÁRIO
DO AÇO
– Recentemente, o meia
Jakson, depois de ser levado
para Novo Cruzeiro (Ipatinga),
apontou o senhor como um
grande cartola do Vale do Aço.
Qual sua opinião? AILSON
GILBERTO
– Nem todos reconhecem isso.
Portanto, agradeço ao Jakson
pela declaração. O fato é
que, em qualquer competição,
só entro para ganhar. DIÁRIO
DO AÇO
– Muitos clubes da região
pagam jogadores? AILSON
GILBERTO
– Sim. Mas o clube que não
possui um investidor só briga
para não ser rebaixado nos
campeonatos. Sem gastar, não
se faz time competitivo no
amador. Tem atleta que só
joga se receber. DIÁRIO
DO AÇO
– O senhor já foi criticado
por questionar a idoneidade de
alguns árbitros da região.
Mantém essa opinião? AILSON
GILBERTO
– Existem esquemas. Alguns
árbitros são corruptos. Eles
armam resultados se o negócio
for ‘vantajoso’ pra eles. DIÁRIO
DO AÇO
– O senhor fez grandes
amizades no amador? AILSON
GILBERTO
– A relação não é só
formal. O Washington
(ex-atacante do Social e hoje
no futebol amador) e o Farley,
que levei para o União, são
exemplos de grandes amigos que
fiz no meio do futebol. DIÁRIO
DO AÇO
– O senhor tem alguma ligação
com futebol profissional? AILSON
GILBERTO
– Atualmente, sou empresário
do volante Ricardo Ângelo, de
19 anos, revelado pela Aciaria
e atuando no Mirassol (SP). A
transação foi feita por meio
de uma parceria entre os dois
clubes.
DIÁRIO
DO AÇO
– Quem é favorito para
conquistar o Ipatinguense do Módulo
A em 2009? AILSON
GILBERTO
– O Novo Cruzeiro e o
Itamarati. O primeiro pelos
jogadores que tem no elenco. O
segundo pela união e amizade,
pois nem sempre dinheiro ou um
time cheio de estrelas ganha
campeonato.