Violência
no Futebol Amador de Belo Horizonte transformou os campos em "deserto"
no fim de semana
As atividades foram quase todas suspensas nas praças de
esporte do Futebol Amador. Os campos estavam desertos e os
atletas não compareceram em seus clubes. Somente no campo do
Suzana, seu segundo quadro corria atrás da bola contra o time
do Vasquinho, numa tarde em que não foi muito feliz. Os
demais campos tradicionais, como o são José Operário,
Cachoeirinha, Santa Cruz e Pitangui estavam vazios, com pouquíssima
movimentação. Os bares dos campos saíram prejudicados e,
certamente, os atletas também não tiveram seu dia de
futebol. Tudo por causa da violência contra os árbitros, que
levou a Federação Mineira de Futebol a suspender os jogos
oficiais, até que se dê garantia para os árbitros.
Também
se imagina que todos buscaram refletir sobre a crise de
violência que atravessa o Futebol Amador, para que a bola
volte a rolar nos campos com harmonia. Já a Secretaria
Municipal de Esportes têm, por obrigação, incentivar as
reformas e promete arcar com a sua parcela de
responsabilidade, nos campos que estão pedindo socorro, o que
será importante para que os atletas, árbitros e dirigentes
tenham segurança.
"Falta
consciência nos cartolas"
O
presidente da sociedade Esportiva São José Operário, Marco
Antônio Oliveira, o "Marcão", entende que a
paralisação prejudicou os clubes, porque os times que estão
no campeonato amador não treinam, sendo importante a seqüência
de jogos para segurar os jogadores e manter um conjunto
melhor.
No
caso do são José Operário, que tem outras categorias que
disputam ou se preparam para os próximos campeonatos, como
infantil e juvenil, o clube sofreu mais com a suspensão.
"Não sou contra os árbitros fazerem este tipo de
paralisação. Eles estão sendo agredidos na beira de campo,
onde anda o bandeira, onde ficam pessoas fazendo ameaças. Em
nosso campo, nunca se registrou uma agressão porque a gente
pede policiamento. Nos outros campos, não se tem policiamento
e o time da casa não quer perder,
o que não é o nosso caso, é a
mentalidade desses dirigentes".
Cachoeirinha
A
decepção tomou conta dos dirigentes e atletas da
Associação Atlética Cachoeirinha, que se viu em dois
momentos do Campeonato Amador da Divisão Especial (Módulo I)
do SFAC, envolvidos com violência de seus próprios
jogadores, que não respeitaram os árbitros e se registrou
uma agressão verbal e outra chegando as vias de fato,
situação que pode eliminar a equipe da competição,
rebaixando-a para a Repescagem.
O
diretor José Ribeiro disse "nós
perdemos os pontos. O Sindicato dos Árbitros paralisou para
ver se organiza esta bagunça". Os clubes que ganharem
estes pontos estão classificados. O Betânia ficou com a vaga
em nosso lugar. E o Cachoeirinha foi desclassificado por causa
de uma agressão ao árbitro, que começou no campo do
Betânia, de forma verbal, apesar do Cachoeirinha ter dado
proteção ao árbitro José de Fátima Fernandes, acabou
prejudicado porque os dirigentes não conseguiram segurar o
nosso atleta, que acabou agredindo, prejudicando o time, sem
dúvida. Mas o nosso campo é super seguro, não se vê nenhum
torcedor dentro do campo",
afirma o dirigente.
Dirigente
culpa desespero das equipes e falta de infra-estrutura
A
crise dos clubes está por trás dos casos de agressões aos
árbitros, que levou a Federação MIneira de Futebol a toma
uma decisão radical, paralisando os campeonatos oficiais até
que se garanta segurança nos jogos. Com os times dependendo
cada vez mais dos resultados nas competições para garantirem
sua permanência na temporada, a situação chega ao extremo
das agressões. Pelo menos está é a interpretação do
dirigente Antônio Jorge, o "Yó", segundo
vice-presidente e representante da Associação Esportiva
Suzana, uma das mais tradicionais equipes da várzea mineira.
Para
o dirigente, a classificação das equipes para a próxima
fase trará uma certa tranqüilidade para a continuidade da
disputa, pois reduzirá o número de jogos. Em relação aos
atletas, "foi
até boa a paralisação de um um domingo com o time já
classificado, mas se continuar parado, aí começa a trazer prejuízos.
pois os atletas perdem o gosto da competição, e como temos
atletas de outros bairros, que pagamos a condução (60
reais), ficaremos no prejuízo, pagando para jogar
amistosos".
"Acho
que o Futebol Amador foi feito mais para lazer, já que quem
não tem condições de associar a um clube estruturado, vem
atuar em nossas equipes. Aí, o jogador que tem de ganhar de
toda maneira, pois os resultados têm que ser favoráveis,
não respeita o clube adversário, que também se preparou,
às vezes muito melhor para ficar em boa situação na
competição",
acrescentou Yó.
Segurança
Outro
problema é a falta de infra-estrutura nos campos, que
necessitam de reformas com a reconstrução de alambrados,
melhorias nos vestiários para receberem os árbitros e os
adversários, com água, pois é comum não ter sequer água
potável para beber. Alguns campos foram reformados, mas sem
manutenção e vigilância, sofrem com a depredação.
Yó
aponta pra a situação, lembrando que vários campos
necessitam de reformas, mas limita-se a dois como exemplos: os
campos do São J´se Operário e o do Santa Maria. A lista
certamente aumentaria se fossem indicados todos os campos em
más condições, mas o desportista também aponta a sua
própria praça de esportes, que está em obras, mas ainda
carente de uma ampla reforma. A obra executada no momento só
está sendo possível com o apoio de outras pessoas fora do
clube que resolveram ajudar ao tradicional clube.
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