Os
74 anos de história do
Campeonato Amador de Uberlândia
O
tradicional campeonato começa
no próximo dia 23; diretoria
e jornalistas relembram
momentos importantes
No
dia 23
deste mês,
em mais uma manhã de domingo,
começa aquela que é
considerada por muitos a
grande festa do esporte
uberlandense e da região. O Campeonato
Amador,
comandado pela
Liga Uberlandense de Futebol (LUF),
é reconhecido por todo o
Brasil como um dos mais
organizados do país e
completa, neste ano,
74 anos
de história.
Tudo
começou com a fundação da
LUF, em 1943,
quando Bolanger
Fonseca e Silva,
que também foi presidente do
Uberlândia Esporte Clube,
assumiu o posto como o
primeiro presidente da
entidade.
Ajudaram
na criação da liga clubes
que tinham ligação com o
esporte da cidade, como o Uberlândia
Esporte Clube, Sal Tropeiro
Futebol Clube, Guarani Futebol
Clube, William Féres Futebol
Clube, Fluminense Futebol
Clube, Flamengo Futebol Clube,
Uberlândia Tênis Clube,
Associação Acadêmica do Comércio,
Associação Ginasiana Brasil
Central, Associação
Ginasiana Esportiva e Cultural
e Praia Clube.
Fotos:
Arquivo/LUF
Boulanger
permaneceu como mandatário da
Liga Uberlandense até 1945,
quando em uma nova eleição
foi definido que Virgílio
Mineiro, que era o
vice-presidente, seria o novo
comandante da entidade. O
Uberlândia Esporte foi o
primeiro campeão amador da
história, emendando títulos
nos anos de 1943, 1944 e 1945.
Nos anos seguintes, a LUF
sofreu algumas paralisações,
deixando lacunas na sequência
dos campeonatos. Em 1946,
1947, 1952, 1953 e 1954, por
exemplo, os certames não
foram realizados. Foi a partir
da metade da década de 1950
que a competição ganhou
tradição, sendo realizada
anualmente.
Para
muitos, o que diferencia os
primórdios do futebol amador
para a atualidade é o amor
que os jogadores e dirigentes
tinham pelos clubes naquela época,
que na maioria dos casos eram
atletas radicados nos
bairros da cidade. “Hoje a
maioria dos jogadores
profissionais que não têm
calendário são contratados
pelos clubes, aí acabam
ficando por aqui. Se um
jogador começa a ser revelado
em um clube amador, rapidinho
ele vai para fora da cidade. A
coisa mudou muito de décadas
atrás”, disse o jornalista,
radialista e escritor Odival
Ferreira.
O
comerciante aposentado Aroudo
de Castro acompanha o futebol
amador desde a década de 1950
e conta que gosta da atual
conjuntura, mas que tem
saudade do futebol local, de
algumas décadas atrás.
“Nos anos de 1980, por
exemplo, tínhamos equipes
maravilhosas como o Ypiranga,
o Estrela Dalva e o XV de
Novembro. Os jogos eram de
maior técnica do que os de
hoje, que prevalecem muito a
parte tática e física”,
afirmou.
ATUAL
PRESIDENTE
Presidente
da LUF desde dezembro de 2012,
quando foi eleito para
substituir David Thomaz Neto,
Renato Batista é um dos
fundadores do Colorado, equipe
tradicional do bairro Patrimônio,
na zona sul de Uberlândia.
Defensor ferrenho do futebol
local, Batista, que milita no
futebol amador há 35 anos,
reconhece todas as pessoas que
deram as suas parcelas de
contribuição para o
engrandecimento e
reconhecimento da entidade LUF
e do futebol uberlandense.
Ele conta que o começo
do Colorado, não foi nada fácil.
“O
que mais me marcou nessa nossa
trajetória no futebol amador
foi a forma com que
conseguimos angariar recursos
para pagar despesas do clube
para participar do Campeonato
Amador, com ações como
bailes na escola Mário Porto,
no Patrimônio, e rifas que
montávamos e saíamos
vendendo no bairro. Era dessa
forma que arrecadamos dinheiro
para pagar as despesas na LUF
e na Federação Mineira”,
disse Renato, que falou ainda
sobre a sua gratidão ao
futebol amador.
“Sem
dúvidas, o futebol amador é
uma grande escola. O Colorado
me preparou para tudo o que eu
fiz, em termos de honestidade
e seriedade, com todas as
situações. É dessa forma
que trabalhamos, hoje, na LUF.
Posso garantir que este
aprendizado com o Colorado, e
agora com a LUF, nenhuma
faculdade ensina. Só tenho a
agradecer em tudo que o
futebol amador proporcionou
para mim em todos estes
anos”, disse.
HISTÓRIA
Estádio
Airton Borges é o templo da
competição
Vereador
Airton Borges / Foto:
Arquivo/LUF
O
Estádio
Airton Borges
é o templo do Futebol
Amador de Uberlândia
e foi idealizado pelo então
prefeito eleito de 1970, Virgílio
Galassi. A
casa do amador foi o cenário
de muitas disputas históricas
e recebeu a maior parte das
decisões do Campeonato
Amador. Mas antes de passar a
ser a casa oficial da maior
competição amadora da
cidade, o estádio foi cedido
ao curso de Educação Física
da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), que o usava
durante os dias de semana e o
emprestava para os jogos da
cidade nos fins de semana.
No
ano de 1977
foi que o campo ganhou o título
de estádio municipal. O nome
foi dado em homenagem ao
uberlandense Airton
Borges,
nascido em 25
de julho de 1925
e eleito vereador em 1962,
depois reeleito em 1966 e
1970. O falecimento de Airton
aconteceu em 11 de novembro de
1972, quando exercia o cargo
de presidente da Câmara
Municipal.
Segundo
o presidente da LUF,
Renato Batista, o estádio
marcou uma nova era do futebol
amador local.
“Lá
são realizados todos os clássicos
da rodada. Desde 2013, quando
assumimos efetivamente a
presidência da liga, estamos
fazendo
um trabalho de reestruturação
e modernização com a reforma
de todos os vestiários, além
do melhoramento do gramado
que, seguramente, é o melhor
gramado da cidade”,
disse Renato.
Acompanhando
o Futebol Amador de Uberlândia
há mais de 20 anos, o
jornalista Wander Tomaz,
narrador da Rádio Vitoriosa
AM, garante que viu muitos
jogos importantes no templo do
amador, mas que teve uma decisão
em específico que mais o
marcou.
“Em
1999, eu assisti uma partida
simplesmente fantástica no
Airton Borges. Na final
estavam o Triângulo de Monte
Alegre e o Ypiranga, que é
uma das equipes mais
vitoriosas e adoradas em Uberlândia,
mas que, infelizmente, está
fora do amador há muitos
anos. Eu não sei ao certo
qual o público que estava no
Airton Borges, mas posso
garantir que em 27 anos que
cubro o Futebol Amador nunca
vi aquele estádio tão
lotado. No jogo, o Ypiranga
acabou sendo surpreendido pelo
Triângulo, que foi o campeão.
Foi muita emoção naquele
jogo e não dá para esquecer
de jeito nenhum”,
afirmou Wander, que completou.
“Naquele
jogo também teve um fato
peculiar, pois foi ali que
apareceu o Guilherme, que com
apenas 15 anos foi para o
Uberlândia Esporte. No ano
seguinte, em plena participação
do Verdão na Série C do
Brasileiro (Copa João
Havelange), ele foi vendido ao
Cruzeiro, depois ainda
passando por clubes como Bahia
e Vitória (BA)”,
disse.
Comandante
da equipe esportiva da Rádio
América AM, Donizete
Moreira,
acompanha o futebol amador há
mais de 30 anos.
“Me
lembro de uma final, em 2006,
entre Guará e Tocantins, que
é uma das maiores rivalidades
do futebol amador. O Tocantins
vinha de uma derrota no
primeiro jogo de 3 a 1, e
quando o Guará pensava que
poderia ter certa facilidade
pelo resultado obtido, para o
segundo jogo, até já
comprando a cerveja para fazer
a festa depois da final, o
Tocantins fez uma virada histórica
de 4 a 1, em um dia de muita
chuva”,
afirmou.