João
Soares de Almeida
Filho, nascido em
1954, era mais um meia
que tentava a sorte
nas divisões de
base. Sem lugar no
time de cima, muitos
desses meias não passaram de promessas.
Outros, para
sobreviver no futebol,
mudaram de posição.
Em
1971, Eduardo resolveu
virar ponta- direita.
Deu certo. Dois anos
depois, era a vez de Joãozinho
tentar
o mesmo, só que pelo
lado esquerdo, embora
sempre tenha sido
destro. Habilidoso,
dono de um repertório
impressionante de
dribles, intuitivo,
goleador, moleque, um
tanto ou quanto
irresponsável, Joãozinho
entrou e saiu do time
cruzeirense por dois
anos, alternando boas
e más atuações.
Na
decisão do
Campeonato Mineiro de
74, acertou uma cabeçada
fulminante, abriu o
marcador diante do Atlético
e, após a vitória
por 2 a 1 e o
tricampeonato
estadual, firmou-se de
vez como mais um
craque do time - para
ser exato, o último
produto do grande time
do Cruzeiro dos anos
60 e 70. Em 1976, na
Libertadores, viveu
seu maior momento.
Jogou bem sempre. No
primeiro jogo, contra
o Internacional, no Mineirão,
infernizou a vida de
Cláudio Duarte e de
seu substituto Valdir,
de Caçapava e
Figueroa, que tentavam
cobrir o indefeso
lateral.
Participou
de todos os gols da
vitória por 5 a 4.
Ele próprio marcou
dois e sofreu o pęnalti,
no final, que Nelinho
transformou no gol da
vitória. Quando
Palhinha foi expulso,
multiplicou-se em
campo. De novo contra
o Inter, no Beira-Rio,
foi o grande nome da
vitória por 2 a 0 que
deu ao Cruzeiro a classificação
antecipada para a
segunda fase (ŕ
época, registre-se,
apenas o campeão do grupo passava para
a segunda fase, a
semifinal, disputada
em dois grupos de três
equipes).
Na
finalíssima, diante
do River Plate, com
grande molecagem, deu
o título ao Cruzeiro,
ao surpreender até
Nelinho e cobrar, aos
43 minutos do segundo
tempo, uma falta que o
lateral se preparava
para bater. Definiu a
vitória por 3 a 2. Joãozinho
teve convocações esporádicas para a
seleção, mas
nunca se firmou. Os
cruzeirenses até hoje
reclamam por ele não ter sido chamado para
a Copa de 78, quando
vivia seu melhor
momento. Em 81, um
choque com o zagueiro
do Sampaio Correia
Darci Munique provocou
fratura exposta na
perna direita do
craque.
Ele
voltou quase um ano
depois. Nunca mais foi
o mesmo. Andou pelo
Internacional a quem
tanto castigara,
retornou ao Cruzeiro,
passou pelo Palmeiras,
seguiu para o Paraná.
O endiabrado Joãozinho
era apenas uma doce recordação
para
os cruzeirenses.