Crise
econômica fazem municípios
decretaram o fim da Copa AMVAP
de Futebol Amador
Que
a crise política e econômica
vem assustando o Brasil, isso
não é novidade para ninguém.
E, na atividade esportiva,
principalmente no futebol, o
momento é difícil e a situação
chega a ser preocupante. Na
região que compreende a
Associação dos Municípios
da Microrregião do Vale do
Paranaíba (Amvap), muitas
prefeituras precisaram cortar
gastos e o esporte acabou
sofrendo com isso. Os
prefeitos assumem a crise, mas
tentam resistir às
dificuldades, já que o
esporte, muita das vezes, é a
única opção de
entretenimento dos moradores,
principalmente das cidades
menores.
No
ano passado, por decisão unânime,
os prefeitos das 22 cidades
que compõe a Associação
decidiram pelo fim da Copa
Amvap de Futebol Amador, uma
das principais competições
regionais do estado de Minas
Gerais, que iria completar, em
2015, a décima edição. Os
altos custos da competição,
principalmente com o pagamento
de atletas ex-profissionais
foi o estopim para o fim do
campeonato.
Ex-assessor
de esportes da Amvap, Alicio
Pena Júnior, tentou de todas
as formas convencer os
prefeitos sobre a importância
da competição, mas o seu
esforço foi em vão.
“Tentei
argumentar que poderíamos
fazer uma competição com
jogadores de categorias de
base, mas também não foi
aceito. É uma pena, pois o
campeonato era a alegria da
população de muitos municípios”,
disse Alicio.
Lance
do jogo entre Pratense e
Fluminense de Araguari na
decisão da Copa Amvap em 2014
Monte
Alegre
Em
2004, o Triângulo de Monte
Alegre foi terceiro colocado
na Copa Amvap. O time, que
sempre entra nas competições
para lutar pelo título,
chegou a gastar R$ 40 mil
reais, valor considerado alto
pelos prefeitos das cidades
vizinhas.
“Nós
participamos de todas as edições,
mas as prefeituras optaram
pelo fim do campeonato. Nós
gastávamos uma média de R$ 2
mil por jogo, pois, no mínimo,
tínhamos que pagar R$ 100
reais para cada jogador, que
mesmo sendo da casa não
jogavam de graça”,
disse o presidente do Triângulo
de Monte Alegre, Jacy
Domingues Guerra.
Em
Iraí de Minas, a cerca de 100
km de Uberlândia, o prefeito
Adolfo Irineu de Carvalho
precisou fazer alguns ajustes
no orçamento para manter o
esporte local em atividade.
“Estamos
fazendo o possível para
manter pelo menos as
escolinhas de futebol e de música,
já que aqui não temos verba
especifica para o esporte. Em
relação à Copa Amvap ficou
muito complicado manter, pois
os jogadores melhores querem
receber um pouco mais e eu não
concordo com isso. Foi necessário
fazermos esse corte porque é
um dinheiro que faz falta em
outros setores e numa cidade
pequena como a nossa esse
dinheiro faz muita falta”,
disse Adolfo garantido que
chegou a gastar R$ 20 mil com
o time de Iraí na Copa Amvap.
Estrela
do Sul
Em
Estrela do Sul a história não
foi nada diferente e o
prefeito Lycurgo Rafael Farani
também precisou cortar o
investimento no futebol do
time local, o Triângulo Atlético
Clube (TAC). Segundo ele, a
crise econômica levou a
prefeitura a cortes em vários
setores e o esporte, mais
especificamente o futebol,
precisou ser a bola da vez.
“Eu
sempre fui contra a cobrança
de jogadores para jogar Futebol
Amador. Eu acho que isso tinha
que ser proibido, e que se faça
um campeonato mais simples com
jogadores que moram somente na
cidade. Para um Município com
uma arrecadação tão
pequena, você não pode
esbanjar verba pública
pagando jogador de futebol.
Tinha vez que a gente pagava o
lanche das viagens e depois ia
ver os caras estavam agarrados
na cerveja. São pequenas
coisas que vão minando o
trabalho e, aí, realmente,
fica muito difícil”,
disse Farani, que mesmo com a
crise conseguiu manter as
escolinhas de futebol,
capoeira e a escola de tênis
mantida pela Defesa Social de
Estrela do Sul, na qual alunos
locais têm aulas gratuitas de
tênis.
Presidente
diz que gestores precisam ter
responsabilidade
Presidente
da Amvap, o prefeito de
Centralina, Elson Martins de
Medeiros, entende que enquanto
o País estiver passando por
tamanha crise é necessário
responsabilidade com o
dinheiro público.
“É
uma crise que não atingiu
somente o esporte, mas todos
os setores de uma forma muito
impactante. E todos os serviços
sofreram retrações e não
está sendo fácil lutar
contra os cortes de verbas.
Durante 2015, nós achamos por
bem, para diminuir os custos
dos municípios, não realizar
a Copa Amvap. Foi uma decisão
unânime de todos os
prefeitos. Os jogadores, de
uma forma injusta, cobram para
jogar. A Amvap tinha um custo
alto para realizar essa
competição. Eu, por exemplo,
realizei um torneio em
Centralina com doze equipes de
toda a região. Isso ficou
muito mais barato”,
disse Elson, que não revelou
os valores que a Amvap gastava
anualmente com a Copa. Centralina
mantém uma escolinha de
futebol com mais de 200
alunos, a partir de seis anos
de idade.
Segundo
o ex-assessor de esportes da
Amvap, Alício Pena Júnior, a
Amvap custeava as despesas da
competição com a arbitragem,
premiação, cerimônia e
divulgação. As prefeituras
teriam de arcar, na teoria,
com as viagens, um custo médio
de R$ 200 por partida. Mas o
inflacionamento com a contratação
de atletas amadores e
ex-profissionais pelos times
teria sido o principal motivo
para que os prefeitos vetassem
a competição em 2015.
Elson
Martins de Medeiros,
presidente da Amvap,
justifica fim da competição
regional
Prefeitura
de Indianópolis corta
investimentos
Na
cidade de Indianópolis, onde
a prefeitura enfrenta sérias
dificuldades e os funcionários
não recebem salários há
dois meses, o futebol local,
tradicional na região com a
Indianopolense, teme por dias
piores em 2016. O ex-atacante
Zé Vieira, que passou por
clubes profissionais, como
Fluminense de Araguari,
Araguari e Guarani de Divinópolis,
é o coordenador da escolinha
de futebol da cidade, onde
cerca de 200 atletas com idade
entre 6 e 20 anos treinam.
Segundo
Vieira, no ano passado, o time
conseguiu disputar o
Campeonato de Juniores da Liga
Uberlandense de Futebol (LUF)
em parceria com o Pinheiros,
clube de Uberlândia, que
cedeu uniformes e material
esportivo.
“A
prefeitura vem nos ajudando da
forma que pode, apesar das
dificuldades. No ano passado,
pelo menos, ajudou com as
viagens para Uberlândia e o
lanche, mas, neste ano, talvez
nem isso”,
disse Zé Vieira que pretende
buscar parcerias na iniciativa
privada para que a
Indianopolense possa disputar
os campeonatos de base da LUF
e até mesmo o Campeonato
Regional Adulto, que está
programado para esse ano e será
organizado pela LUF.
“Se
eu não estiver enganado,
disputamos a Copa Amvap pela
última vez em 2009. Mesmo de
fora, acho que o fim dessa
competição foi uma grande
perda para o futebol da região
e espero que agora a Liga de
Uberlândia consiga fazer este
Regional que será muito
importante para os jovens
talentos da região”, disse
Zé Vieira.
“Em outra época, já fomos
a São Paulo, disputávamos
campeonato de Juniores em
Uberlândia, a Copa Amvap e até
os Jogos Universitários de
Minas Gerais (Jemgs)”,
disse.
Ainda
segundo Zé Vieira, a
prefeitura de Indianópolis,
sequer conseguiu recursos para
reformar o alambrado do Estádio
Municipal que está danificado
e também para a continuidade
da reforma do piso do Ginásio
Municipal, obra parada há
quase dois anos.
Em
Uberlândia, Futel usa
criatividade e busca parcerias
para manutenção do esporte
No
centro das atenções e com um
dos maiores orçamentos do
interior de Minas Gerais, o
esporte de Uberlândia também
sofreu com a crise em 2015. A
Prefeitura de Uberlândia
precisou fazer cortes em várias
pastas e o esporte, que tem um
dos menores orçamentos do
município com 0,9% da verba
anual, ainda sofreu uma redução
de 0,5%, segundo o
diretor-geral da Futel, Márcio
Nobre.
Com
aproximadamente 16 milhões,
por ano e mediante às muitas
contenções, a prefeitura
atrasou a verba para a Liga
Uberlandense de Futebol (LUF),
dinheiro destinado ao
pagamento da arbitragem dos
campeonatos promovidos pela
entidade. Na reta final da
competição, no ano passado,
os árbitros chegaram a
confirmar uma paralisação,
mas, na última hora, o
dinheiro foi pago e as
semifinais da primeira divisão
aconteceram normalmente.
Márcio
Nobre assume a crise no
esporte, mas garante que a Futel
vem trabalhando no sentindo de
encontrar alternativas para
que os investimentos necessários
no esporte não parem e a
crise, de alguma forma, seja
driblada.
“Estamos
diante de uma crise política
nacional que provoca um
agravamento na crise econômica.
Eu afirmo que cada gestor deve
encontrar, na criatividade,
mecanismos para conseguir
parcerias. Estamos buscando
parcerias com o setor privado
e público”,
disse Márcio se referindo ao
dinheiro conseguido para as
reformas dos poliesportivos
dos bairros Roosevelt e Patrimônio,
além da construção da pista
de mountain bike, no Parque do
Sabiá, este último com custo
de R$ 40 mil, vindo de
empresas privadas.
“É
comprovado que o investimento
no esporte significa economia
em outros setores, como saúde
e segurança, pois os jovens
saem das ruas e a atividade física
melhora a saúde. Então vejo
que a procura por parcerias e
a discussão com a sociedade são
ferramentas que podem ajudar
os gestores”,
disse Nobre.
Já
o prefeito Gilmar Machado
afirma que praticamente não
aconteceram cortes e que o
esporte de Uberlândia está
conseguindo sair da crise.
“Em
2015 quase não precisamos
fazer cortes e estamos
mantendo o mesmo orçamento
para 2016. No caso da Futel nós
fizemos justamente o contrário
e no esporte estamos
investindo mais, mas estamos
investindo mais com parcerias.
Conseguimos um recurso com o
Estado e também com o Ministério
Público do Trabalho que vai
nos permitir reformar cinco
poliesportivos, assim como
fizemos em dois poliesportivos
(Roosevelt e Patrimônio), e
ainda vamos construir o
poliesportivo do bairro Canaã
para que aconteçam jogos do
Amador naquele local”,
disse o prefeito afirmando que
as verbas são de R$ 450 mil
do Ministério Público do
Trabalho e R$ 300 mil do
Governo do Estado.
19
cidades têm interesse no
Campeonato Regional que a LUF
promoverá
A
Liga Uberlandense de Futebol (LUF)
colocou, em seu calendário de
2016, a realização da Copa
Regional de Futebol Amador. O
presidente da entidade, Renato
Batista tenta viabilizar o
campeonato, que tem até data
para começar, 6
de março.
“Com
essa lacuna deixada pela Copa
Amvap, muitos clubes vem nos
procurando para a realização
de um campeonato regional. O
que movimenta as cidades, aos
domingos à tarde, é o
futebol. Fizemos um estudo,
conversamos com 24 clubes e 19
manifestaram interesse, o que
é um número sensacional.
Mesmo com essa crise, os
clubes querem participar para
terem uma atividade. Seria um
campeonato em que as
prefeituras vão ajudar
somente com o transporte e as
outras despesas ficarão por
conta dos próprios clubes,
que vão buscar patrocinadores
na iniciativa privada”,
disse Renato Batista.