Dizem
que mineiro come quieto, toma
sopa pelas bordas, trabalha em
silêncio, e coisas tais. Pode
ser. Mas, no futebol, à prudência
do mineiro, se sobressai a
garra atleticana, a astúcia
cruzeirense, o ímpeto
americano. Quem já foi a um
clássico Cruzeiro x Atléthco,
no Mineirão, sabe que ali
vale quem grita mais alto.
E
torcer é com a gente das
Alterosas, desde as imensas
legiões de cruzeirenses e
atleticanos até a pequena mas
apaixonada torcida americana,
a gente das Gerais gosta de
lotar estádios e apoiar seus
time rumo a novas conquistas e
grandes exibições. Os números
são fascinantes. Ora a fanática
massa atleticana, que
acompanha seu time nos bons e
nos maus momentos, ora a
imensa família azul
cruzeirense, que lota o Mineirão
com invejada freqüência nas
grandes jornadas do time da
Toca.
O
futebol em Belo Horizonte
A
introdução do futebol em
Belo Horizonte pressupõe-se
ter sido nos primórdios; da
nova Capital, porque fundada
em 1897 e já em 1925 foi
disputado o primeiro
campeonato. Teve por local o
gramado do Prado Mineiro, um
retângulo ocupando espaço da
vasta área ainda hoje delimitada
pelas ruas Platina, Pampas,
Dr. Giordano e Diabase, atual
Clube dos Oficiais da Polícia
Militar, e que, em tempos
idos, abrigou, também, o Hipódromo
Mineiro - a propósito, havia
no bairro a Rua Hipódromo,
hoje Cel. Pedro Jorge Brandão
-, o campo de aviação,
primeiro pouso de aeroplanos
da Capital, e menos
remotamente, o D.I. -
Departamento de Instruções
da Polícia Militar. Ali, Os,
foram disputados os primeiros
jogos oficiais do futebol
belo-horizontino, tempos históricos
onde desfilaram os primeiros
craques do esporte bretão,
também denominado ludopédio
e balipodos, expressões
grego-latinas, substituindo o
foot-ball, depois
aportuguesado futebol.
O
progresso do futebol era tão
acentuado no final dos anos 10
que o Atlético, fundado em
1908, e o América, em 1912, já
possuíam os seus estadinhos,
curiosamente localizados um
defronte ao outro. 0 alvinegro
ocupando o quadrilátero onde
funciona hoje o Mercado
Municipal, e o alviverde onde
é hoje o Minascentro. E
existia o Sete de Setembro,
com o seu campo localizado na
então chácara da família
Negrão de Lima. Zero gramado
reservado à prática do
futebol, rodeado por árvores
frondosas; ficava nas imediações
de onde hoje é a bonita praça
Negrona de Lima.
O
alvorecer dos anos 20 marcou o
surgimento da Palestra Itália,
congregando a colônia
italiana radicada na cidade.
Foi em janeiro de 1921. A
população crescendo, o
futebol atraindo maior número
de adeptos, a cidade
conhecendo um intenso
progresso, não foi díf ícil
ao América e ao Atlético, já
então considerados grandes,
as benesses governamentais.
0
alviverde cedeu seu terreno
para a construção do Mercado
Municipal, recebendo em troca
uma área nas proximidades do
Parque Municipal, com frentes
para as avenidas Andrada e
Araguaia, hoje Francisco
Sales, o Alameda, atual Álvaro
Celso da Trindade. Ao Atlético,
por cessão de sua área, foi
dado o quarteirão formado
pelas ruas Rio Grande do Sul,
Bemardo Guimarães e Gonçalves
Dias, e avenida São
Francisco, atual Olegário
Maciel, alí sendo construído
o estádio Antônio Carlos,
homenagem ao então presidente
do Estado, Antônio Carlos;
Ribeiro de Andrade.
0
final dos anos 20 mostrava a
Capital com três estádios.
Isso porque também o Palestra
Itália, por conta própria,
inaugurava o seu, em 1927, em
local privilegiado, no quadrilátero
formado pela avenida
Paraopeba, hoje Augusto de
Uma, e ruas Guajajaras, Ouro
Preto e Araguari.
Mas
o futebol belo-horizontino não
se limitava ao Palestra, América,
Atlético e Sete de Setembro.
Bairro que se prezasse tinha lá
o seu time de futebol
disputando campeonatos. A
Lagoinha se dava ao luxo de se
fazer representada por duas
equipes, a alvinegra do
Guarani e a tricolor - verde,
vermelho e verde - do
Fluminense. E havia o Calafate
F.C., o Carlos Pratos F.C., o
Palmeiras, de Santa Efigênia.
Desaparecidos já estavam o Grêmio
Ludopédico, o Yale e até
mesmo um time chamado Plínio
havia existido.
Em
1933, quando da adoção de
profissionalismo,
desapareceram os chamados
pequenos que disputavam com os
grandes o campeonato oficial.
Não podendo pagar aos seus
jogadores, por carência total
de estrutura, não tiveram
como evitar o exodo de seus
craques. 0 Sete de Setembro
ainda resistiu, permanecendo
no regime remunerado até há
poucos anos. Hoje faz presença
apenas em certames de
categorias inferiores.
0
futebol amador, porém,
continuou e permanece até os
dias atuais. Em todos os
bairros e vilas, em campos de
terra, gramados alguns, estão
os chamados times varzeanos.
América, Atlético e
Palestra, hoje Cruzeiro, aí
estão na luta pela preservação
de seus conceitos de grandes
clubes. Belo Horizonte,
prestes a entrar no ano de seu
centenário, pode muito bem se
orgulhar de seus
representantes no mundo
futebolístico.
O
começo
0
futebol, que chegou ao Brasil
trazido por ingleses, no final
do século XIX, foi um dos
esportes que mais movimentou
BH nos seus primeiros anos.
Antes de os jogos serem
iniciados, a história da
cidade registrou disputas
apenas no ciclismo -
provavelmente a primeira
modalidade esportiva
organizada na Capital. 0
primeiro ensaio de futebol, em
Belo Horizonte, aconteceu no
Parque Municipal, em uma de
suas alamedas, à direita do
portão da avenida Afonso Pena
- provavelmente onde hoje se
localiza o Palácio das Artes
-, em 3 de maio de 1904.
0
evento foi promovido por Víctor
Serpa, acadêmico de Direito,
responsável pela introdução
do esporte na Capital. Pouco
mais de dois meses depois, foi
fundado, pelos senhores Oscar
Americano, José Gonçalves e
Avelino Souza, o primeiro
clube de foot-bali sob a
denominação de Sport Club
FootBali.
No
final daquele ano, já se
realizava o primeiro
campeonato, aberto aos clubes
filiados à Liga de Foot-BaII.
0 Sport Club Foot-Ball entrou
com dois times, o VeWúcio e o
Colombo. Também participaram
da disputa o Plínio Futebol
Clube, o Mineiro Futebol Clube
e o Estrada and Atletic
Association.
Também
foi no Parque Municipal, em
1908, que aconteceu uma reunião
de um grupo de 22 adolescentes
do interior para fundar o Atlético
Foot-13a11 Club, mais tarde
Clube Atlético Mineiro. No
ano seguinte, a cidade ganhava
outro time, o Yale Atletic
Club, que mais tarde vai se
chamar Palestra Itália e,
finalmente, Cruzeiro Esporte
Clube.
Em
19 de dezembro de 1909, o
Parque Municipal voltou a ser
o palco de mais uma feda
esportiva, promovida pelo
Sport Club, com corridas de
bicicleta, velocípede e a pe.
No mesmo dia, foi realizada a
primeira competição pública de
natação da Capital. Na
disputa de 60 metros, no lago
do Norte, foram classificados
James Calvert, em primeiro, e
Honório Magalhães, em
segundo lugar.
A
criação de um lugar para
eventos esportivos e corridas
de cavalo começou a
movimentar a Capital em 1900,
quando se começava a preparar
um terreno para a construção
de um hipódromo. Mas só dois
anos depois foi constituída,
definitivamente, a Companhia
Anõnima Derby Mineiro, com o
compromisso de realizar
corridas de cavalo no Prado.
Em
1905, a prefeitura liberou a
concessão, por 25 anos, dos
terrenos necessários para a
construção da pista,
arquibancadas e demais dependências.
Ainda foi dado à Companhia o
privilégio de construir e
explorar, por 15 anos, uma
linha de bondes de tração
animal, que Iria ligar o final
da linha de bondes elétricos
ao Prado Mineiro.
Com
todas as providências
tomadas, em julho de 1906,
aconteceu a grande festa de
inauguração do Prado
Mineiro, com a presença de
todos os membros do governo.
Ali foi realizada uma corrida
diferente, que atraiu a
curiosidade da população. A
disputa aconteceu entre um
corredor, um cavalo de
corridas e um ciclista,
cabendo ao primeiro dar 15
voltas e aos outros dois, 30.
Venceu o corredor.
0
futebol continuava sendo o
esporte preferido na Capital.
Em 1912, foi fundado o América
FootBall Club e, no ano
seguinte, o Club de Sports
Higiênicos. Com cerca de dez
times, aconteceram na cidade vários
campeonatos, disputas com
times de fora, inclusive de
outros Estados, combinados,
selecionados e até mesmo
competições entre times de
estudantes. 0 Atlético foi o
primeiro time a se organizar
para a construção de um estádio
e, em 1916, recebeu da
prefeitura um terreno, no
bairro de Lourdes, para essa
finalidade.
Apesar
do domínio do futebol, a
população buscava outras
alternativas, com a promoção
de campeonatos e apresentações
das mais diversas modalidades
esportivas. Em 1918, aconteceu
o primeiro campeonato de
ping-pong, promovido pelas
escolas de Engenharia e de
Medicina. Cinco anos antes, em
julho de 1913, foi realizado o
primeiro campeonato de box,
com a participação de dez
profissionais estrangeiros de
renome. No começo daquele
ano, a Capital assistiu, em
uma casa de diversões, o
primeiro espetáculo de luta
greco-romana. 0 interesse foi
tardo, que a polícia teve que
intervir, suspendendo a venda
de ingressos para evitar
confusões.
Ainda
em 1913, os adeptos da patinação
ganharam da prefeitura um espaço
para se exercitarem. Os
interessados em freqúentar o
"rink", construido
na praça da Liberdade, eram
obrigados a respeitar os horários,
diferentes para as moças e
para os rapazes. No mesmo ano,
o Club Sports; Higiênicos
inaugurou uma quadra de tênis,
a primeira em condições técnicas
perfeitas, já que, em 1910,
havia sido construída outra,
no Calafate, mas sem a
qualidade exigida para a prática
do esporte.
Anos
20
0
futebol se consolidou como o
esporte mais atraente na
Capital. Nos anos 20, os três
mais importantes clubes, América,
Atlético e Cruzeiro, construíram
seus campos de jogo. Em 1923,
o esporte ganhou impulso
nacional com a realização do
12 Campeonato Brasileiro de
Futebol, promovido pela
Confederação Brasileira de
Desportos. A disputa aconteceu
entre times estaduais e o
selecionado mineiro estreou
perdendo para a seleção do
Rio por 2 a 1.
Os três maiores clubes
de futebol da cidade estavam,
em 1923, às voltas com a
construção de seus estádios.
Naquele ano, o América
inaugurou, com a presença do
presidente do Estado e de todo
o secretariado, seu estádio
à avenida Paraopeba (Augusto,
de Lima), apesar de já estar
construindo outro, à avenida
Araguaia (Francisco Salas), em
terreno doado pelo município.
A prefeitura havia decidido
construir o mercado municipal
justamente na quadra de
esportes do América.
Ainda
em 1923, o S.S. Palestra Itália
- Cruzeiro - inaugurou sua
quadra de esportes, também à
avenida Paraopeba, mas na região
do Barro Preto, onde até hoje
funciona a sua sede. 0 clube
convidou o Flamengo, do Rio de
Janeiro, para o primeiro jogo.
No
mesmo ano, começaram as obras
do estádio do Atlético, em
uma grande área entre as ruas
Rio Grande do Sul, Bemardo
Guimarães, Gonçalves Dias e
a avenida Olegário Maciel,
doada pelo governo do Estado.
0 estádio foi inaugurado em
maio de 1929 e, apesar de
batizado oficialmente como Estádio
de Futebol Antônio Carios,
ficou mais conhecido como Estádio
de Lourdes. Em 1970, o terreno
foi desapropriado pela
prefeitura e alguns anos mais
tarde reincorporado ao património
do Atlético e negociado para
a construção de um shopping.
No
ano da conclusão do estádio
do Atlético, 1929, ficaram
prontas as obras do novo estádio
do América, inaugurado em
setembro, na região da
avenida Francisco Sales, onde
mais tarde foi construido um
grande supermercado.
Outros
esportes também conquistaram
espaço. 0 próprio América
realizou, em 1924, o 12
Torneio de Basquete. Três
anos antes foi registrada no
Prado Mineiro uma disputa inédita
de basquete e vôlei. Numa
festa de caridade, a quadra
foi ocupada apenas por
"senhoritas",
garantindo o sucesso da promoção.
Menos
amistosos, aconteceram em 1926
os primeiros torneios de
bilhar e de tênis de Belo
Horizonte. Seguindo a tendência
à diversificação, havia
espaço para o hipismo, com a
realização do 12 Concurso Hípico,
organizado em 1924 por
oficiais e soldados do Esquadrão
de Cavalaria da Força
Pfflica, que inauguraram à
avenida Araguaia (atual
Francisco Sales) o picadeiro
para tais provas e exercícios.
Os
"raids" de automóveis
também movimentavam a cidade
e uma corrida de carros atraiu
muita gente ao Prado Mineiro
em 1927. Sete carros
participaram e João Bosco
Rezende, em 9 minutos e 15
segundos, concluiu as 13
voltas da competição. Na década
de 20, automobilistas de
Curveio fizeram um umidu de
268 quilômetros entre aquela
cidade e Belo Horizonte,
"valendo-se de estradas
apenas carroçáveis, na sua
maioria. Logo depois,
aconteceu outro
"raid", da Capital a
Sete Lagoas, num percurso de
157 quilômetros.
Anos
30
0
esporte mais popular da
cidade, o futebol, passou a
ser disputado também à
noite, com a inauguração, em
agosto de 1930, da iluminação
do campo do Atlético. Para
comemorar a novidade, foi
realizado um jogo entre o Atlético
e o Sport Club de Juiz de
Fora. Uma semana depois, Jules
Rimet, presidente da Federação
Internacional de Futebol, com
sede em Amsterdã, assistiu,
pela primeira vez, segundo ele
mesmo declarou, a um jogo
realizado à luz de
refletores.
Apesar
do grande espaço ocupado pelo
futebol, outros esportes também
evoluíam na Capital. Ainda em
1930, pela primeira vez, os
mineiros disputaram o
campeonato brasileiro de tênis.
Em 1936, os adeptos da aviação
fundaram o Aeroclube do Estado
de Minas Gerais, que
funcionou, provisoriamente, no
Aeroporto da Pampulha, até
ser transferido para a sede
definitiva, no Aeroporto
Carlos Pratos.
Naquele
mesmo ano, o esporte ganhou
impulso com o início das
obras do Minas Tênis Clube.
Em 28 de novembro de 1937, foi
inaugurada a sua praça de
esportes, a maior da América
do Sul. Apesar da chuva, cerca
de 15 mil pessoas assistiram
à solenidade de inauguração,
quando o então prefeito, Otacílio
Negrão de Lima, entregou as
chaves do clube ao seu
presidente, major Ernesto
Dorneles.
Anos
50
Nos
anos 50, o futebol - já
consagrado como esporte
preferido dos
belo-horizontinos - ganhou força
com a construção do Estádio
do Independência. No final da
década de 40, o projeto de
construção de um estádio em
Belo Horizonte digno de sediar
jogos da Copa do Mundo de
1950, no Brasil, começou a
sair do papel. Era um velho
sonho dos
"setembrinos" que se
tornava realidade.
Escolhido
um amplo terreno entre a
Floresta o o Horto,
iniciaram-se as obras daquele
que seria, na época, o maior
estádio do Estado, projetado
para um público de 45 mil
pessoas.
Com
o orçamento de Cr$ 5 milhões,
a maioria doado pela
prefeitura, sua construção
começou em 1948. Em menos de
60 dias, estava quase concluída
a terraplanagern do futuro
campo do Sete de Setembro.
A
iniciativa se tomou viável
graças ao empenho do então
prefeito Otacílio Negrão de
Lima, que havia assumido o
compromisso com a Confederação
Brasileira de Desportos de
construir um local adequado
para a realização de alguns
jogos da Copa do Mundo de 50.
0
Independência foi aberto ao público
pela primeira vez em 25 de
junho daquele ano, para o jogo
entre Iugoslávia e Suíça,
vencido pelo time lugoslavo
por 3 a 0. Mas a disputa do
Mundial que mais marcou a sua
história foi a que ficou
conhecida como ma grande zebra
internacional", quando o
time dos Estados Unidos ganhou
de 1 a 0 da então imbatível
seleção inglesa.
Ainda
nos anos, 50, a cidade ganhou
vários novos clubes sociais e
de esportes, como o Círculo
Militar, fundado no bairro
Gutierrez, em dezembro de
1953, o Sparta Vôlei Clube,
criado em 1951, no bairro Calçara,
e o Clube dos Viajantes - hoje
Recreativo Mineiro -, que começou
a funcionar em fevereiro de
1954, à rua Itapecerica, na
Lagoinha, sendo transferido
mais tarde para a rua Grão
Mogol, no bairro Sion.
Anos
60
Dois
acontecimentos esportivos
marcaram Belo Horizonte na década
de 60. 0 primeiro deles foi a
inauguração do Mineirão, em
5 de setembro de 1965. 0 Estádio
Governador Magalhães Pinto,
conhecido como Mineirão,
tinha capacidade para 130.000
torcedores e era o segundo
maior estádio coberto do
mundo. 0 time de futebol
argentino River Plate foi
convidado para jogar com
a Seleção Mineira, que
reunia os melhores jogadores
do Estado. A solenidade
assumiu caráter de festa cívica
com a exibição de balizas e
várias outras modalidades
esportivas. Para dar início
ao esperado jogo, um helicóptero
sobrevoou o estádio descendo
ao centro para entregar a bola
aos atletas. Mesmo
demonstrando pouco
entrosamento entre seus
jogadores, a seleção mineira
venceu os argentinos por um a
zero, gol de Buglê, do Clube
Atlético Mineiro.
Em
1966, o Cruzeiro Esporte Clube
conquistou o título de campeão
na Vill Taça Brasil. Pela
primeira vez, um time mineiro
vencia o campeonato nacional
de futebol. No aeroporto da
Pampulha, milhares de
torcedores aguardaram o
desembarque dos jogadores, que
foram levados em cortejo, no
carro do Corpo de Bombeiros,
até o Centro da cidade para a
festa da vitória. 0
governador Israel Pinheiro
recebeu os jogadores em
palanque armado em frente ao
Palácio do Rádio. Depois de
um breve discurso, entregou a
faixa de campeão brasileiro
ao capitão do Cruzeiro,
Wilson Plazza, ao jogador Tostão
e ao técnico Airton Moreira.
A partir dessa conquista, o
futebol mineiro lançou-se nos
cenários brasileiro e
mundial.
Anos
70
Os
anos 70 começaram com festa
em todo o País com a
conquista do Tricampeonato
Mundial de Futebol. Com a vitória
do Brasil na Copa do México,
Belo Horizonte parou. Foram
cinco dias de festa, encerrada
com a recepcao aos jogadores
mineiros. Tostão, Piazza,
Dario e Fontana desfilaram
pelas ruas da cidade fechando
as comemorações do sucesso
da equipe brasileira no maior
evento do futebol mundial.
No
ano seguinte, a festa recomeçou,
mas apenas para os torcedores
do Galo. Em 19 de dezembro de
1971, o Clube Atlético
Mineiro venceu o primeiro
Campeonato Nacional de
Futebol, em pleno Maracanã.
No jogo final contra o
Botafogo, o jogador Dario
definiu o placar de 1 a 0 com
um gol de cabeça. No dia
seguinte, a torcida foi para
as ruas receber seus *heróis".
0 time desembarcou no
Aeroporto da Pampulha e
desfilou em carro aberto pelas
avenidas Antônio Carlos e
Afonso Pena, até a sua sede,
no bairro de Lourdes,
acompanhado por centenas de
torcedores.
Em
31 de julho de 1976, foi a vez
do Cruzeiro Esporte Clube
conquistar o título de Campeão
da Taça Libertadores da América,
vencendo o time argentino
River Plate por 3 a 2. A vitória
provocou uma explosão de
alegria dos torcedores, que
fizeram um grande carnaval nas
ruas de Belo Horizonte,
comemorando a inédita vitória.
Outro
destaque esportivo nos anos 70
foi Esmeralda de Jesus, a
grande atração do atletismo
mineiro. Em 1974, bateu os
recordes brasileiro e
sul-americano de atletismo em
provas de 100 e 200 metros
rasos, obtendo os primeiros
lugares em várias competi~
nacionais e internacionais.
Naquele ano, participou dos
Jogos Estudantis Brasileiros (em
Belo Horizonte e Campinas), do
Campeonato Brasileiro Juvenil
(em Belo Horizonte e Porto
Alegre), do Campeonato Mineiro
Juvenil (em Belo Horizonte) e,
ainda, do Campeonato
Sul-Americano Juvenil
realizado em Lima, Peru,
quando
foi
classificada injustamente em
segundo lugar, devido a
problemas técnicos na
cronometragem da prova. Em
1976, participou da Olimpíada
de Montreal, no Canadá,
buscando aperfeiçoar suas
condições físicas, já que
competiria com atletas do
mundo inteiro com pelo menos
oito anos de experiºncia no
atletismo.
Ainda
na década de 70, o esporte
avançou com a inauguração
do Centro Esportivo Universitário.
O
Estádio Independência
Nos
anos 50, o futebol - já
consagrado como esporte
preferido dos
belo-horizontinos - ganhou força
com a construção do Estádio
do Independência. No final da
década de 40, o projeto de
construção de um estádio em
Belo Horizonte digno de sediar
jogos da Copa do Mundo de
1950, no Brasil, começou a
sair do papel. Era um velho
sonho dos
"setembrinos" que se
tornava realidade.
Escolhido
um amplo terreno entre a
Floresta o o Horto,
iniciaram-se as obras daquele
que seria, na época, o maior
estádio do Estado, projetado
para um público de 45 mil
pessoas.
Com
o orçamento de Cr$ 5 milhões,
a maioria doado pela
prefeitura, sua construção
começou em 1948. Em menos de
60 dias, estava quase concluída
a terraplanagern do futuro
campo do Sete de Setembro.
A
iniciativa se tomou viável
graças ao empenho do então
prefeito Otacílio Negrão de
Lima, que havia assumido o
compromisso com a Confederação
Brasileira de Desportos de
construir um local adequado
para a realização de alguns
jogos da Copa do Mundo de 50.
0
Independência foi aberto ao público
pela primeira vez em 25 de
junho daquele ano, para o jogo
entre Iugoslávia e Suíça,
vencido pelo time lugoslavo
por 3 a 0. Mas a disputa do
Mundial que mais marcou a sua
história foi a que ficou
conhecida como ma grande zebra
internacional", quando o
time dos Estados Unidos ganhou
de 1 a 0 da então imbatível
seleção inglesa.
Ainda
nos anos, 50, a cidade ganhou
vários novos clubes sociais e
de esportes, como o Círculo
Militar, fundado no bairro
Gutierrez, em dezembro de
1953, o Sparta Vôlei Clube,
criado em 1951, no bairro Calçara,
e o Clube dos Viajantes - hoje
Recreativo Mineiro -, que começou
a funcionar em fevereiro de
1954, à rua Itapecerica, na
Lagoinha, sendo transferido
mais tarde para a rua Grão
Mogol, no bairro Sion.
O
Mineirão
Nos
anos 50, o futebol - já
consagrado como esporte
preferido dos
belo-horizontinos - ganhou força
com a construção do Estádio
do Independência. No final da
década de 40, o projeto de
construção de um estádio em
Belo Horizonte digno de sediar
jogos da Copa do Mundo de
1950, no Brasil, começou a
sair do papel. Era um velho
sonho dos
"setembrinos" que se
tornava realidade.
Escolhido
um amplo terreno entre a
Floresta o o Horto,
iniciaram-se as obras daquele
que seria, na época, o maior
estádio do Estado, projetado
para um público de 45 mil
pessoas.
Com
o orçamento de Cr$ 5 milhões,
a maioria doado pela
prefeitura, sua construção
começou em 1948. Em menos de
60 dias, estava quase concluída
a terraplanagern do futuro
campo do Sete de Setembro.
A
iniciativa se tomou viável
graças ao empenho do então
prefeito Otacílio Negrão de
Lima, que havia assumido o
compromisso com a Confederação
Brasileira de Desportos de
construir um local adequado
para a realização de alguns
jogos da Copa do Mundo de 50.
0
Independência foi aberto ao público
pela primeira vez em 25 de
junho daquele ano, para o jogo
entre Iugoslávia e Suíça,
vencido pelo time lugoslavo
por 3 a 0. Mas a disputa do
Mundial que mais marcou a
sua história foi a que ficou
conhecida como ma grande zebra
internacional", quando o
time dos Estados Unidos ganhou
de 1 a 0 da então imbatível
seleção inglesa.
Ainda
nos anos, 50, a cidade ganhou
vários novos clubes sociais e
de esportes, como o Círculo
Militar, fundado no bairro
Gutierrez, em dezembro de
1953, o Sparta Vôlei Clube,
criado em 1951, no bairro Calçara,
e o Clube dos Viajantes - hoje
Recreativo Mineiro -, que começou
a funcionar em fevereiro de
1954, à rua Itapecerica, na
Lagoinha, sendo transferido
mais tarde para a rua Grão
Mogol, no bairro Sion.
O
Esporte especializado
O
esporte como cultura física
ganhou forte estímulo no período
do Estado Novo. 0 nacionalismo
tinha a educação física
como aliada para a melhoria da
raça, o que provocou uma
valorização da prática
desportiva.
Ganharam
força na época, as paradas
estudantis, com movimentos atléticos mesclados
à postura militarista. Essa
tendência começou na década
anterior e, nos anos 40,
colheu frutos, como um destile
de centenas de atletas da
Federação Universitária
Mineira de Esportes, na praça
da Liberdade. Uma homenagem cívica
ao governo do Estado que
desenvolvia um "grandioso
programa" de apoio ao
esporte.
Nos
esportes especializados, foram
multas as conquistas, como as
da natação, esporte que
viveu momentos de glória com
os garotos da categoria
infanto-juvenil. A equipe
mineira foi campeã brasileira
por seis vezes seguidas. Os
meninos eram recebidos com
festas e desfilavam pela
cidade.
0
basquete juvenil também se
destacou, ganhando o
campeonato brasileiro em
fevereiro de 1945. A seleção
mineira de juvenis de bola ao
cesto, sob o comando técnico
de Fu-Manchú, venceu, no dia
9, os adversários paulistas e
trouxe o título para as
montanhas. Naquele período, o
Ginásio do Paíssandu, na
Feira Permanente de Amostras,
movimentava a cidade com a
promoção de eventos
esportivos. As torcidas se
organizavam para assistir
campeonatos de vôlei e
basquete, entre outros
esportes especializados.
Ainda
nos anos 40, o Clube Atlético
Mineiro apresentou à imprensa
o projeto do seu novo clube,
na Pampulha. 0 presidente do
Atlético era Gregoriano
Canedo. 0 novo clube deveria
ser erguido junto à avenida
Antônio Carlos, próximo da
represa da Pampulha e do
Aeroporto Municipal. No
terreno de cerca de 140 mil
metros quadrados de área,
deveria ser construído o estádio
olímpico, com dependências
para a prática do futebol e
de atletismo, com capacidade
para 55 mil pessoas; um ginásio
completo com capacidade para
seis mil pessoas; uma piscina,
com tanque para saltos
ornamentais, dotada de
arquibancada e vestiários;
uma quadra de bola ao cesto,
equipada com arquibancada
e vestiários; quadras de
voleibol; quadras de tênis;
pavilhão com vestiário para
seção de tênis e serviço
de chá e bar; campo de
futebol para treinamento;
bares, restaurantes,
playgrounds etc.
Na
época, havia na cidade as
seguintes equipes de futebol:
Clube Atlético Mineiro, América
Futebol Clube, Cruzeiro
Esporte Clube e Sete de
Setembro.
Existia
ainda o E.C. Siderúrgica, de
Sabará, o Vila Nova A. C.,
de Nova LIma e o Metalusina
Futebol Clube, de Barão de
Cocais.