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A chegada do Futebol em Belo Horizonte

   A introdução do futebol em Belo Horizonte pressupõe-se ter sido nos primórdios da nova Capital, fundada em 1897 e já em 1925 foi disputado o primeiro campeonato. Teve por local o gramado do Prado Mineiro, um retângulo ocupando espaço da vasta área ainda hoje delimitada pelas ruas Platina, Pampas, Dr. Giordano e Diábase, atual Clube dos Oficiais da Polícia Militar, e que, em tempos idos, abrigou, também, o Hipódromo Mineiro - a propósito, havia no bairro a Rua Hipódromo, hoje Cel. Pedro Jorge Brandão -, o campo de aviação, primeiro pouso de aeroplanos da Capital, e menos remotamente, o D.I. - Departamento de Instruções da Polícia Militar. Ali foram disputados os primeiros jogos oficiais do futebol belo-horizontino, tempos históricos onde desfilaram os primeiros craques do esporte bretão, também denominado ludopédio e balipodos, expressões grego-latinas, substituindo o foot-ball, depois aportuguesado futebol.

O progresso do futebol era tão acentuado no final dos anos 10 que o Atlético, fundado em 1908, e o América, em 1912, já possuíam os seus estadinhos, curiosamente localizados um defronte ao outro. 0 alvinegro ocupando o quadrilátero onde funciona hoje o Mercado Municipal, e o alviverde onde é hoje o Minascentro. E existia o Sete de Setembro, com o seu campo localizado na então chácara da família Negrão de Lima. 0 gramado reservado à prática do futebol, rodeado por árvores frondosas; ficava nas imediações de onde hoje é a bonita praça Negrão de Lima.

O alvorecer dos anos 20 marcou o surgimento do Palestra Itália, congregando a colônia italiana radicada na cidade. Foi em janeiro de 1921. A população crescendo, o futebol atraindo maior número de adeptos, a cidade conhecendo um intenso progresso, não foi difícil ao América e ao Atlético, já então considerados grandes, as benesses governamentais.

0 alviverde cedeu seu terreno para a construção do Mercado Municipal, recebendo em troca uma área nas proximidades do Parque Municipal, com frentes para as avenidas Andrada e Araguaia, hoje Francisco Sales, o Alameda, atual Álvaro Celso da Trindade. Ao Atlético, por cessão de sua área, foi dado o quarteirão formado pelas ruas Rio Grande do Sul, Bernardo Guimarães e Gonçalves Dias, e avenida São Francisco, atual Olegário Maciel, ali sendo construído o estádio Antônio Carlos, homenagem ao então presidente do Estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrade.

0 final dos anos 20 mostrava a Capital com três estádios. Isso porque também o Palestra Itália, por conta própria, inaugurava o seu, em 1927, em local privilegiado, no quadrilátero formado pela avenida Paraopeba, hoje Augusto de Uma, e ruas Guajajaras, Ouro Preto e Araguari.

Mas o futebol belo-horizontino não se limitava ao Palestra, América, Atlético e Sete de Setembro. Bairro que se prezasse tinha lá o seu time de futebol disputando campeonatos. A Lagoinha se dava ao luxo de se fazer representada por duas equipes, a alvinegra do Guarani e a tricolor - verde, vermelho e verde - do Fluminense. E havia o Calafate F.C., o Carlos Prates F.C., o Palmeiras, de Santa Efigênia. Desaparecidos já estavam o Grêmio Ludopédico, o Yale e até mesmo um time chamado Plínio havia existido.

Em 1933, quando da adoção de profissionalismo, desapareceram os chamados pequenos que disputavam com os grandes o campeonato oficial. Não podendo pagar aos seus jogadores, por carência total de estrutura, não tiveram como evitar o êxodo de seus craques. 0 Sete de Setembro ainda resistiu, permanecendo no regime remunerado até há poucos anos. Hoje faz presença apenas em certames de categorias inferiores.

0 futebol amador, porém, continuou e permanece até os dias atuais. Em todos os bairros e vilas, em campos de terra, gramados alguns, estão os chamados times varzeanos. América, Atlético e Palestra, hoje Cruzeiro, aí estão na luta pela preservação de seus conceitos de grandes clubes. Belo Horizonte pode muito bem se orgulhar de seus representantes no mundo futebolístico.