Futebol Amador de Minas Gerais

O Esporte do Verdadeiro "Amor" à Camisa

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Fonte - Jornal Diário da Tarde - BH - MG - Terça-Feira - 26/12/2006

União entre futebol e estudos faz sucesso em Contagem

Em Contagem, a parceria entre uma escolinha de futebol e uma escola estadual vem mudando a vida de muitas crianças e adolescentes. Tudo começou com o projeto social Amigos da Escola, que uniu a escolinha de futebol de Sebastião Carlos Felipe dos Santos, que já existia há 21 anos, com a Escola Estadual José Mauro de Vasconcellos Neec III, com o objetivo de aliar a prática de esportes ao bom desempenho escolar e ocupar o tempo dos estudantes, evitando o ócio.

Segundo Felipe, o projeto que os uniu, efetivado em 1994, já não vigora como antes. A iniciativa agora passa a ser um desempenho pessoal dele, em conjunto com os diretores da escola. Ao todo, cerca de 140 jovens são beneficiados pelo projeto, que trabalha em todos os turnos com as crianças, tanto no futebol de campo quanto no futsal.

”Faço isso porque vejo que a sociedade cobra muito desses meninos, mas na hora de oferecer alguma coisa em troca, dá muito pouco. Aí resolvi fazer alguma coisa”, afirma Filipe.

O treinador começou criando escolinhas, sempre fazendo questão de trabalhar com as categorias de base, tentando melhorar a vida das crianças e dos jovens. Depois que foi realizado o projeto que iria unir a escola com o sua iniciativa, o treinador recebeu a permissão para utilizar a quadra do colégio. Porém, foi pouco para a proporção que o projeto tomou. Hoje, Felipe recebe crianças de manhã, à tarde à noite, além de trabalhar com os meninos no Campo do Brucutu. Hoje, além de ter uma iniciativa voltada para o lado social, incentivando o estudo e a educação, também tenho um time de futebol amador de categoria de base , conta.

Disciplina aliada a boas notas

O Raça Bandeirantes trabalha com as categorias escolinha, pré-mirim e mirim. Já disputou diversos campeonatos, como a Copa Gurilândia e torneios realizados por ligas do interior, como as de Juatuba e Martinho Campos. O investimento no esporte é grande, mas Felipe nunca deixa de lado o desempenho escolar. O treinador explica que tem trânsito livre na escola, e quando algum aluno tem problema com notas é feita uma reunião para tentar identificar a causa do deslize nas notas.  Não crucificamos os alunos nem fazemos julgamentos. Sentamos com eles e conversamos. De repente, pode ser um problema familiar. No fim das contas, sou um pouco pai, psicólogo, amigo e professor”, explica.

Felipe não tem dúvida sobre o resultado do projeto: “A disciplina deles melhorou 100 por cento. Não tem brigas no time, e o desempenho na escola também teve uma grande melhora. O amor que damos a eles é recíproco, somos uma família.

O treinador reclama, porém, de falta de incentivo e apoio. Ele conta que já conversou com vários vereadores e que as promessas não faltam, mas no fim ninguém ajuda em nada. O mesmo acontece com a prefeitura de Contagem, que, segundo ele, apesar dos pedidos, até agora não acenou com nenhuma ajuda.

Com isso, fica por conta de Felipe comprar material esportivo e bancar os outros gastos. Além dos recursos próprios, os alunos que podem contribuir cedem R$ 5 mensais. “A espera vem de muitos anos, mas vou continuar tentando. Parar, não vamos nunca”, garante o professor.

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