Dario José dos Santos - Centroavante
- Rio de Janeiro (RJ) - 04.03.1946
Não se pode
falar da irreverência do jogador
brasileiro sem citar Dario. Dadá
Maravilha, Peito-de-Aço, Beija-Flor,
Rei Dadá, um dos maiores artilheiros
da história do nosso futebol
colecionava apelidos. Dadá fazia
gols com a mesma facilidade que
tinha para dar nomes a todos eles e
criar frases célebres, que já fazem
parte da história e do folclore do
nosso futebol. Dario nasceu no Rio
de Janeiro começou a carreira no
Campo Grande, mas foi no Atlético
Mineiro que o Brasil passou a
conhecę-lo.
E o povo logo viu que ele não era um
jogador convencional. Era um
centroavante sem jeito, sem um pingo
de elegância, desengonçado e sem
técnica. Como alguém com essas
características poderia fazer tantos
gols? Só mesmo Dadá para explicar:
"Fiz tantos gols que nem tive tempo
de aprender a jogar futebol".Ele
começou a jogar bola tardiamente,
aos 21 anos, no Campo Grande. Conta
que era bandido antes disso e as
corridas da polícia lhe deram a
rapidez no futebol. Comprou a
primeira bola com dinheiro de
assalto e aprendeu por força a jogar
o esporte. Em dezenove anos de
carreira, atuou por dezessete
clubes: Campo Grande, Atlético
Mineiro (duas vezes), Flamengo,
Sport, Internacional, Ponte Preta,
Paissandu, Náutico, Santa Cruz,
Bahia, Goiás, Coritiba, América
Mineiro, Nacional (AM), XV de
Piracicaba, Douradense (MS) e Uniăo
de Rondonópolis.
No começo da carreira, ele ficou um
bom tempo encostado no Atlético
Mineiro e quase foi dispensado. Um
dia, o folclórico técnico Iustrich
esteve disposto a dispensá-lo:
"Dario, não sei o que fazer com
você. Ninguém no Atlético te quer e
nenhum outro clube se interessa pelo
seu passe". Dadá foi rápido na
resposta: "Mas seu Iustrich, o
senhor nunca me deu uma chance. Só
me deixa entrar quando faltam cinco
minutos pra acabar o treino. O dia
que começar o coletivo o senhor vai
ver do que o Dadá é capaz".
Desacreditado, o treinador ficou com
pena daquele atacante desengonçado e
lhe deu uma chance. Na metade do
jogo os reservas ganhavam por 2-0,
dois gols de Dario. Iustrich se
surpreendeu: "Que é isso, Dario? O
que aconteceu? Você nunca jogou
desse jeito!". Dario prontamente
rebateu: "Eu falei pro senhor. Agora
o senhor me pőe nos titulares que eu
viro esse jogo". Iustrich concordou
e viu os titulares virarem para 3-2.
Mais três gols de Dadá. Isso firmou
definitivamente o jogador no
alvinegro.
Foi um grande colecionador de
títulos: dois mineiros com o
Atlético (70 e 78), gaúcho pelo
Inter (76), baiano pelo Bahia (81) e
goiano pelo Goiás (83). Além disso,
foi artilheiro em oito estaduais:
quatro vezes pelo Atlético (69, 70,
72 e 74), uma pelo Flamengo (73),
duas pelo Sport (75 e 76) e uma pelo
Nacional de Manaus (84). Em 1971,
marcou o gol que deu o título
brasileiro ao Galo e, de quebra,
sagrou-se artilheiro da competição.
No ano seguinte, ele voltaria a ser
artilheiro do Brasil. Em 1976, no
Internacional, seu segundo título
nacional, e sua terceira artilharia,
um recorde no futebol brasileiro.
Dadá era tão diferente, que não foi
para a Copa de 1970 por vontade do
técnico Zagallo. Ele esteve no grupo
que conquistou o tri por imposição
do presidente da República, Emílio
Garrastazu Médici, seu ardoroso fá.
Até hoje, Dario considera esta a
principal conquista de sua carreira,
apesar de não ter disputado nenhum
jogo no México e de rechaçar a
versão de que Médici teria imposto
sua convocação.
Sempre que prometia um gol, cumpria.
Na véspera de um clássico contra o
Cruzeiro, disse que iria fazer o
"Gol Holocausto", e acabou marcando
um gol da linha de fundo. Modesto,
ele nunca foi. Dizia que parava no
ar como um beija-flor e garantia que
só corria para cansar os beques.
Pertence a Dario o recorde
brasileiro de gols em uma só
partida: foi pelo Sport, em 1975, em
uma partida contra o Santo Amaro. Na
goleada de 14 a 0, Dadá marcou 10
gols. Perguntado qual teria sido o
gol mais feio entre os 539 gols de
sua carreira (além dos 17 clubes e
da Seleção, jogou também nas
Seleções Pernambucana e Mineira),
ele não titubeia: "Não existe gol
feio. Feio é não fazer gol".
Disputou doze jogos pela Seleção
Brasileira, tendo marcado dois gols.
Tentou a carreira de treinador e
chegou a conquistar alguns títulos
estaduais, mas passou a se dedicar
mesmo ao jornalismo esportivo em
Belo Horizonte.
Săo inúmeras as histórias e frases
atribuídas a ele. Em certa ocasião,
o Atlético Mineiro venceu o Inter em
Porto Alegre por 4-1, com três gols
seus. Na saída do vestiário, uma
pequena reunião de torcedores
colorados o esperava para "acertar
as contas". Calmo, ele sorriu e
explicou: "Minha gente, por que
vocês querem bater em mim? É a minha
profissão, não sei fazer outra coisa
a não ser gol. Se eu não fizer,
perco meu ganha-pão". A torcida
desistiu da idéia e aplaudiu Dadá,
que saiu carregado como um
verdadeiro Rei Dadá, como ele chama
a si mesmo.
"Chuto
tão mal que, no dia em que eu fizer
um gol de fora da área, o goleiro
tem que ser eliminado do futebol."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Somente três coisas param no
ar: o beija-flor, o helicóptero e o
Dadá."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"O Dadá se preocupou tanto em
fazer gols que não teve tempo para
aprender a jogar futebol."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Não me venham com problemática,
porque tenho a solucionática."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Fazer gol de cabeça é fácil. Ou
é queixo no peito, ou é queixo no
ombro."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Com Dadá em campo não tem
placar em branco."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Não existe gol feio, feio é não
fazer gol."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Existem três poderes: Deus no
céu, o Papa no Vaticano e Dadá na
grande área."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Se minha estrela não brilhar,
eu passo lustrador."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)
"Baseado no que Romário ganha,
se eu jogasse hoje, meu salário
seria uns R$ 700 mil."
(Dadá Maravilha, campeão mundial em
1970 com a Seleção Brasileira e três
vezes artilheiro do Campeonato
Brasileiro)