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GARRINCHA

Manuel Francisco dos Santos - Ponta-Direita - Pau Grande (RJ) - 28.10.1933

Sem dúvida alguma, o maior fenômeno da história do futebol. Sua maior característica era o drible: o mais espetacular que já se viu no esporte. Suas arrancadas e cruzamentos também eram igualmente incríveis. Faltaram palavras para definir a qualidade de Garrincha.

Considerado um dos melhores jogadores do mundo e o melhor ponta-direita do esporte. Suas pernas tortas eram sua maior marca. As duas tortas para a esquerda, não o impediam de jogar bola, embora no começo de carreira tivesse encontrado alguns problemas. 

Alguns chegaram a chamá-lo de aleijado. Ele não desistiu e provou que poderia ser um jogador espetacular. Em nenhum outro esporte ele teria chances de ser um grande atleta, em decorrência de seu defeito físico. Outra característica marcante de Garrincha era sua ingenuidade, que muitos achavam ser também um problema mental. Era uma "criança", divertindo-se nos gramados brasileiros, sem se importar muito com o lado profissional do futebol. Capaz de ser enganado muitas vezes, muitas frases foram atribuídas a ele por jornalistas.

Começou no Botafogo, já com 19 anos. Antes, era amador no Pau Grande e já chamava atenção por seus dribles, jogando na meia-direita. No primeiro treino do clube, Nílton Santos, "A Enciclopédia do Futebol", exigiu sua contratação, pois não gostaria de enfrentar um jogador tão maravilhoso em outro clube. E assim foi feito. Garrincha se destacou no Botafogo, onde ficou até o seu auge. Em 1955 chegou à Seleção Brasileira. Em 58, disputou a Copa do Mundo, com a camisa 11. Foi eleito o melhor ponta-direita do Mundial e ganhou o título com a Seleção Brasileira.

 Na Copa seguinte, eleito o melhor jogador de toda a competição e novamente campeão. Em 1966 foi para o Corinthians Paulista, onde ficou até o final do ano. Disputou alguns amistosos com a Portuguesa Carioca e com o Atlético Junior, da Colômbia. Em 68 voltou a ativa, dessa vez defendendo o Flamengo. Entre 70 e 71, jogou alguns amistosos com equipes amadoras da Itália. Em 72, ingressou em seu último clube, o Olaria do Rio de Janeiro. De 73 até 82 (um ano antes de sua morte), jogou partidas amistosas por equipes pequenas do interior do Brasil.

Envolveu-se com o álcool e tornou-se o caso mais famoso de jogador que se destruiu pelo vício da bebida. No final da vida já não conseguia passar algumas horas sem um gole de alguma bebida alcoólica. O joelho também contribuiu para que sua carreira terminasse mais cedo. As várias contusões e erros médicos acabaram por danificar a perna de Garrincha. Disputou 60 partidas pela Seleção Brasileira, marcando 17 gols. Dessas, perdeu apenas uma, exatamente a última oficial, contra a Hungria na Copa de 66. Sua jogada preferida era o drible pra direita. O zagueiro adversário não conseguia impedir o drible, mesmo sabendo que ele vinha sempre para sua esquerda. 

Posteriormente, seus marcadores ficaram sendo chamados indistintamente de "Joões". Era conhecido como "Mané Garrincha", "O Anjo das Pernas Tortas", "A Alegria do Povo" ou simplesmente "Mané". Foi tema de filme, livro e de inúmeras crônicas esportivas.

"Garrincha é um verdadeira assombro. Não pode ser produto de nenhuma escola de futebol. É um jogador como jamais vi igual."
(Gavril Katchalin, técnico soviético em 62)

"Eu digo: não há no Brasil, não há no mundo ninguém tão terno, ninguém tão passarinho como o Mané."
(Nélson Rodrigues, escritor, dramaturgo e jornalista esportivo, sobre Garrincha)

"Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios."
(Carlos Drummond de Andrade, escritor)

"Para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio."
(Armando Nogueira, jornalista e escritor)

"De que planeta veio Garrincha?"
(Jornal El Mercurio, do Chile, na Copa de 62)

“Eu fazia o lançamento e tinha vontade de rir. O Mané ia passando e deixando os homens de bunda no chão. Em fila, disciplinadamente."
(Didi, sobre Garrincha na Copa de 58)

“Ele me deu um baile. Pedi que o contratassem e o pusessem entre os titulares. Eu não queria enfrentá-lo de novo."
(Nílton Santos, maior lateral-esquerdo da história do Brasil e do Botafogo)

“Eles começaram marcando no mano a mano. Tsarev contra Garrincha. De repente, passaram a amontoar vários outros naquele lado esquerdo do campo. Era hilariante o desmanche que Mané fazia por ali."
(Nílton Santos, sobre Garrincha na partida contra a Rússia, pela Copa de 58)

“Um Garrincha transcende todos os padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre o nosso Mané."
(Nelson Rodrigues, escritor e jornalista)

“Estávamos em pânico pensando no que Garrincha poderia fazer. Não existia marcador no mundo capaz de neutralizá-lo."
(Nils Liedholm, meia da Suécia na Copa de 58)

“Em cinqüenta anos de futebol jamais apareceu um jogador como Garrincha."
(Jornal inglês Daily Mirror)

“Eles eram infernais. Ninguém os conteria. Se você marcasse o Pelé, Garrincha escapava e vice-versa. Se você marcasse os dois, o Vavá entraria e faria o gol. Eles eram endemoniados."
(Just Fontaine, maior artilheiro em uma única Copa do Mundo, a respeito do time brasileiro da Copa de 58)

“Veja aquele beque do Brasil. Olhe seu uniforme, limpo, parece engomado. Olhe seus cabelos, penteados. Ele é Nílton Santos. Aquela cabeça armazena o que há de melhor em inteligência. Aquelas pernas limpas produzem o melhor estilo do mundo. Ele joga em pé, pleno de classe, como convém aos deuses da bola."
(Nestor Rossi, indignado com o companheiro, que marcava Garrincha e estava todo sujo de lama)

"Rossi se esqueceu de dizer que eu sempre joguei junto com Garrincha. Contra ele, só no primeiro treino no Botafogo. Pedi que o contratassem. Graças a Deus, fui atendido."
(Nílton Santos, em resposta a Nestor Rossi)