O
maior zagueiro do futebol
mundial em seu tempo. Em 74,
75 e 76 foi eleito o melhor
jogador das Américas pela
imprensa do continente.
Elegante e técnico, era quase
perfeito. O "Deus da Raça",
um dos jogadores mais raçudos
e dedicados da história do
futebol.
Quando
criança, sofreu com a
poliomielite e foi desenganado
pelos médicos. Sua dedicaçăo
e força de vontade,
entretanto, fizeram com que
ele conseguisse se recuperar e
começasse a jogar futebol.
Obstinado, passou a lutar para
ser o melhor em sua posiçăo.
Tinha suas qualidades como
futebolistas, mas a perseverança
e a vontade de aprender foram
sempre as melhores. Sempre foi
aplicado aos treinos e ouvia
atentamente aos conselhos de
seus técnicos. Começou a
jogar profissionalmente no
Wanderers, do Chile.
Depois
passou ao Unión Calera.
Figueroa já jogava na Seleçăo
Chilena de Juniores e foi um
dos únicos jogadores a passar
direto da Seleçăo Junior
para a Profissional. Começou
a ganhar prestígio
internacional ao disputar a
Copa de 66, atuando como
titular antes de completar 20
anos. Em 67, foi capităo
da Seleçăo Chilena no
Sul-Americano. Destacou-se na
competiçăo e acabou
vendido ao Peńarol, do
Uruguai. Em 71, cinco anos
mais tarde, transferiu-se para
o Internacional, onde
conquistou o sucesso
definitivo.
Ficou
no Inter até 76 e venceu
todos os campeonatos gaúchos
que disputou. Foi também
bicampeăo brasileiro, em
75 e 76, sempre liderando a
equipe. Em pesquisa com
cronistas do mundo inteiro,
foi eleito para uma Seleçăo
dos melhores jogadores desse século,
ao lado de craques como Pelé,
Maradona e Garrincha.
Usava
muito o cotovelo para jogar,
aparando as jogadas e se
defendendo dos atacantes. Isso
fez com fosse considerado
"O Cotovelo mais famoso
do Brasil". Jogou também
a Copa de 74, na qual também
se destacou e se firmou como
grande jogador na Europa. Era
também muito bom na jogada aérea
e chegou a marcar vários gols
pelo Inter (26 em 336 jogos),
incluindo o histórico na
final do Brasileiro de 75,
contra o Cruzeiro. Disputou 17
clássicos Gre-Nal (contra o
Gręmio), tendo perdido
apenas um.
Marcou
o gol do título do campeonato
brasileiro de 1975, para o
Internacional, de cabeça,
vencendo o goleiro Raul
Plasmann, do Cruzeiro. A história
é contada desta forma por uma
página colorada:
"O
Inter tinha um código
aplicado nas cobranças de
falta. Antes de cruzar, o
ponteiro Valdomiro fazia um
gesto. Se ajeitasse a meia, a
bola iria para a altura da
segunda trave; se passasse a măo
nos cabelos, iria na da
primeira. Na tarde de 14 de
dezembro de 1975, Valdomiro
passou a măo nos cabelos.
Segundos depois surgiu o
famoso raio de sol solitário.
Foi um dia cinzento, aquele.
Neruda talvez o descrevesse
como plúmbeo. Muito poético,
mas verdadeiro. O sol ainda năo
aparecera em Porto Alegre, até
os 11 minutos do segundo tempo
do jogo do Beira-Rio. Era a
final do Campeonato Nacional,
entre Inter e Cruzeiro. A
falta foi cobrada por
Valdomiro, do lado direito da
área. Enquanto a bola subia,
Figueroa arrancou da intermediária,
correndo em ziguezague para
despistar a marcaçăo.
Ele e a bola se encontraram
ŕ altura da primeira
trave. Como o sinal de
Valdomiro indicara. No
instante em que a testa de
Figueroa tocou o couro da
bola, o único raio de sol do
dia furou o bloqueio das
nuvens. O facho de luz se
despejou sobre o gramado do
Beira-Rio e iluminou a cabeça
de Figueroa e a bola. Gol do
Inter. O Gol do Título. Do
Primeiro Título Nacional
conquistado por um clube gaúcho.
Que só poderia sair da cabeça
iluminada do maior zagueiro da
história do
Internacional."
Nunca
foi expulso em sua longa
carreira. Don Elias Figueroa,
como passou a ser chamado,
deixou o Inter em 77 para
defender o Palestino, de seu
país. Foi a única queixa da
torcida em toda sua passagem
pelo clube. Deixou saudades e
uma sensaçăo insuperável
de tristeza. Jogou ainda no
Fort Lauderdale, dos EUA.
Tornou-se técnico de futebol,
tendo dirigido times no Chile
e o próprio Internacional.
"Foi a maior contrataçăo
do Internacional. Este menino
vai nos dar muitas
alegrias."
(Eduardo Hermann, dirigente do
Internacional, prevendo o
sucessor de Figueroa)
"Năo tenho dúvidas
em afirmar que ele é
seguramente o melhor zagueiro
do futebol mundial, na
atualidade."
(Carlos Alberto Parreira, técnico
de futebol, sobre Figueroa
logo após a Copa de 74)
"Figueroa é um fenômeno
como jogador de futebol. É o
gigante entre os gigantes.
Figueroa é a razăo de o
Inter ser campeăo
brasileiro em 75."
(Luis Mendes, jornalista
esportivo, após a conquista
do brasileiro de 75 pelo
Internacional)
"Reúne todas as
qualidades que eu já vi num
zagueiro. Possui força,
envergadura e visăo
extraordinárias năo só
para jogar como zagueiro, como
também para qualquer outra
posiçăo dentro de um
time de futebol."
(José Inácio Werneck,
jornalista gaúcho, sobre
Figueroa)
"E, Pele à parte,
garanto: em nosso meio, a
categoria 'jogador de futebol'
está dividida em antes e
depois de Elias Ricardo
Figueroa Brander."
(Lauro Quadros, jornalista
esportivo gaúcho)
"Se me pedissem para
compará-lo a alguém năo
o faria. Prefiro năo o
comparar."
(Rubens Minelli, técnico do
Inter na década de 70, sobre
Figueroa)
"Figueroa é aquele beque
que joga tăo bem quanto o
Luís Pereira pensa que
joga."
(Chico Anysio, humorista e
escritor)
"Que jogador harmonioso,
que jogador completo. E como năo
pára em campo. Geralmente um
craque, um grande craque,
gosta de descansar em certas
situaçőes da batalha. O
cabeça-de-bagre é que
trabalha como barqueiro do
Volga ou como remador do
'Ben-Hur'. Pois Figueroa,
sendo o maior do mundo, na sua
posiçăo, dá tudo de si
como perna-de-pau disputando a
posiçăo."
(Nélson Rodrigues, escritor e
jornalista)
"A grande área é a
minha casa e nela só entra
quem eu quero."
(Figueroa, ex-jogador de
futebol)