Ele
dobrou o Maracană. A
torcida gritava por Garrincha
e o ponta Julinho năo se
abalou: jogou seu futebol e
destruiu a Inglaterra.
Vá
ŕ Florença e pergunte
por Sócrates ou Edmundo, dois
brasileiros ex-jogadores da
Fiorentina. Năo importa a
idade do torcedor, a resposta
inevitável será algo como
"nós adoramos
Julinho". Para a fanática
torcida local, o nome do
ponta-direita é sinônimo do
grande futebol brasileiro. Seu
sucesso na Itália só foi
comparável ao de Mazzola,
Falcăo e Careca. Em 1995,
quando a Fiorentina organizou
uma festa pelos 40 anos da
conquista do primeiro
scudetto, mandou passagens aéreas
e reservou um hotel de luxo
para Julinho e sua mulher. O
craque foi aplaudido por 40
mil pessoas. No restaurante próximo
ŕ sede do clube, há uma
placa: "Aqui almoçava
Julinho."
Exagero?
Năo. Julinho tinha
realmente futebol para tanto.
Começou no Juventus, logo
brilhou na Portuguesa. Ganhou
títulos históricos para
Palmeiras e Fiorentina, mas até
hoje ele é lembrado por uma
das mais marcantes cenas da
história do Maracană: a
vaia que tomou de 140 mil
torcedores no dia 13 de maio
de 1959. Nesse dia, para
comemorar a conquista do título
mundial de 1958, a Seleçăo
Brasileira realizou um
amistoso contra a Inglaterra,
única equipe que năo
havia perdido para o Brasil
durante a Copa da Suécia.
Garrincha, acima de seu peso
ideal, foi barrado e o locutor
do estádio anunciou o
ponta-direita: Julinho
Botelho. Năo houve um
torcedor que năo vaiasse.
Ele escutou tudo do vestiário,
virou-se para Nilton Santos e
prometeu jogar bem. Modéstia.
Aos 2 minutos do primeiro
tempo ele fez 1 x 0 e ainda
deu o passe para o segundo
gol. Saiu aplaudido de pé do
Maracană.
Julinho
jogava um futebol de fartos
dribles e extrema velocidade,
ora fechando em direçăo
ao gol, ora indo até a linha
de fundo. E quando chegava
ali, năo metia um chutăo
para a área, passava a bola.
Ficha
completa
Nome: Júlio Botelho
Nascimento: Săo
Paulo (SP), em 29/7/1929
Posiçăo: Ponta-direita
Clubes em que jogou: Juventus-SP
(1950), Portuguesa (1951 a
1954), Fiorentina-ITA (1955 a
1958) e Palmeiras (1958 a
1966)
Títulos: Campeăo
italiano (1956) pela
Fiorentina, paulista (1959 e
1963) pelo Palmeiras
Almanaque
Vai que é sua, Garrincha!
Depois de disputar uma
excelente Copa do Mundo de
1954, Julinho foi contratado
pela Fiorentina, levando o
time a títulos inéditos. Com
a fama e a experięncia de
tręs anos na Europa, o
Brasil quis chamá-lo para a
Copa de 1958. Os pontas seriam
ele e Joel. Julinho recusou o
convite. Disse que năo
seria justo jogar a Copa no
lugar de alguém que estava no
Brasil e merecia a convocaçăo.