Michel
François Platini - Meia -
Joeuf (França) - 21.06.1955
O
melhor jogador da história do
futebol francês. Michel
Platini foi um craque
completo. Cabeceava bem, tinha
excelente visão de jogo, lançava
com perfeição, cobrava
faltas com pontaria milimétrica
e marcava muitos gols. Além
disso, era um líder nato,
tendo capitaneado por quarenta
e nove jogos a seleção de
seu país. Fora de campo,
possuía uma conduta
irrepreensível, mostrando-se
sempre simpático e
sorridente.
Sua habilidade vem desde a época
de garoto. Observava o pai
treinando na pequena equipe de
Jovicienne e sonhava em um dia
poder também jogar aquele
esporte fascinante. Em casa, não
se cansava de treinar recursos
para superar os problemas
provenientes do físico frágil.
Muitos duvidavam do "anão",
como era chamado na infância,
mas o pequeno Michel pouco a
pouco ia provando a todos que
estavam errados. Com 13 anos,
começou a jogar na pequena
equipe do Joeuf, em sua cidade
natal. Covardemente mais
habilidoso que seus
companheiros, acabava jogando
em categorias superiores. Aos
16 anos, já integrava a
equipe profissional de sua
cidade natal, o AS Joeuf.
No início do ano de 1971, o
Joeuf recebe o Metz, grande
equipe da divisão principal
da França, para um amistoso.
Inacreditavelmente, o Joeuf
vence o jogo, com um golaço
de fora da área do jovem
craque Michel Platini.
Dirigentes do Metz o convidam,
então, para um teste, mas
Platini é reprovado pelos médicos
da equipe, que atestam
"corpo franzino e
capacidade respiratória
suficiente".
Se o Metz não o quis, Platini
procura então o rival,
Nancy-Lorraine, onde estréia
em Março de 1973, com 17
anos. Na temporada seguinte,
precisa ajudar a equipe a
voltar à primeira divisão.
Em 32 jogos, o Nancy faz 73
gols e garante o retorno à
elite.
A França já começa a tomar
conhecimento do futebol do
jovem talento. Em 1976, o novo
selecionador, Michel Hidalgo,
resolve dar uma chance a
Platini. Na seleção,
encontra-se com ídolos como
Didier Six, Henri Michel e
Marius Trésor. Sabia que em
breve seria um deles.
Já na estréia com a camisa
francesa, diante de 50 mil
torcedores no Parc de Princes,
Platini começa a escrever sua
história. A França perdia
por 1 a 0 para a Tchecoslováquia.
Falta próxima a área adversária,
Platini se aproxima do capitão
Henri Michel e o surpreende:
"Toca pra mim que eu
coloco lá dentro",
afirma convicto. O capitão
paga para ver e passa a bola
para o estreante. É gol francês.
O prestígio de Platini já é
grande entre os franceses.
Ainda no ano de sua estréia
pela seleção principal, o
jogador vai às Olimpíadas
como capitão. A temporada é
boa também no clube. Em 35
jogos pelo Nancy, marca 28
gols.
No ano seguinte, com apenas 22
anos, fica em terceiro na eleição
do melhor jogador da Europa,
prêmio que iria, dentro de
alguns anos, receber por três
vezes. Leva o Nancy ao quarto
lugar do campeonato francês
marcando nada menos que 25
gols.
A meteórica ascensão do
craque francês já o torna
presença obrigatória nas
convocações da seleção.
Platini faz por merecer. É
dele o segundo gol na vitória
de 3 a 1 sobre a Bulgária,
que classifica a França para
a Copa de 1978. Na Copa, a
sorte não está para a França.
A seleção de Platini é
eliminada logo na primeira
fase, perdendo para Itália e
Argentina.
Meses depois, a França
enfrentaria novamente a Itália,
num amistoso que serviria como
revanche. O resultado (2 a 2)
serviu para mostrar a
igualdade técnica das
equipes. No entanto, um fato
em especial marcou a partida.
Aos 36 minutos do segundo
tempo, falta para a França
cobrar. Magistralmente,
Platini coloca no ângulo do
goleiro Dino Zoff. O árbitro,
no entanto, invalida o gol do
francês e lhe faz cobrar
novamente. Platini mostra, então,
toda a sua genialidade,
colocando a bola no mesmo
local em que ela havia entrado
da primeira vez.
Ainda em 1978, Platini leva o
Nancy ao primeiro título de
sua história, o de campeão
da Copa da França. Em oito
jogos, marca sete gols,
incluindo o único da final. O
Nancy já era pequeno demais
para o futebol de Michel
Platini. Olympique de
Marseille, Nantes, Paris
Saint-Germain, Saint-Ettiene e
Internazionale querem o
jogador.
Platini opta pelo popularíssimo
Saint-Ettiene. Estréia nos
"Verdes" em julho de
1979. Havia três anos que a
equipe não conseguia se
sagrar campeã nacional. O
tabu acaba em 1981, com
Platini marcando os dois únicos
gols da última partida,
contra o Bordeaux. Ainda em
81, mais uma vez ele ajuda a
classificar a França pra Copa
do mundo, marcando um dos gols
do jogo decisivo contra a
Holanda.
Em 1982, não consegue o bi (o
Saint-Ettiene acaba em segundo
lugar, atrás do Monaco), mas
é o artilheiro do campeonato
francês, com 22 gols. Seria
seu último ano na França. Após
as atuações na Copa do
Mundo, chama a atenção de
dirigentes do futebol italiano
e acaba sendo contratado pela
Juventus.
Na Juve, estava criado o
ambiente perfeito para o ápice
da carreira de Platini. O
francês jogava ao lado de
craques como Zoff, Bettege,
Gentile, Scirea, Tardelli,
Rossi e Boniek. E o treinador
era Giuseppe Trapattoni. Seu
futebol começa a aparecer na
Copa dos Campeões, quando
lidera a "Vecchia
Signora" à final, mas
acaba perdendo para o
Hamburgo.
A Europa já reconhece nele,
no entanto, um craque como
poucos e lhe concede a Bola de
Ouro como melhor jogador do
continente. No ano seguinte,
1984, Platini é campeão
italiano, artilheiro da liga e
campeão da Recopa.
Mas não é "só"
isso. Na Eurocopa, ele é o
capitão e artilheiro da França.
Marcou em todos os jogos e em
um, contra a Iugoslávia, foi
autor dos 3 gols da seleção
francesa. No total, foram 9
gols em 5 jogos, trazendo para
o seu país o título mais
importante de sua história até
aquele momento. Como não
poderia deixar de ser, é
eleito melhor jogador do
torneio e, pela segunda vez,
recebe a Bola de Ouro como
melhor jogador europeu do ano.
O êxtase de Platini se
completa em 1985, quando, com
a Juventus, é finalmente
campeão da Copa dos Campeões
(batendo na final, em
Bruxelas, o Liverpool com um
gol dele). Mas como se não
bastasse o título mais
importante para um clube
europeu, Platini lidera a Juve
campeã em mais um campeonato
italiano e se consagra pela
terceira vez como artilheiro.
Ganha também o Mundial
Interclubes e é eleito, pela
terceira vez consecutiva, o
melhor jogador europeu do ano.
Um recorde inigualável até
os dias de hoje.
Em três anos, Michel Platini
havia ganho tudo que poderia
ganhar: Mundial Interclubes,
dois italianos, Recopa, Copa
dos Campeões, Eurocopa,
artilheiro da liga por três
vezes, Bola de Ouro por outras
três... restava, apenas, um título
de campeão mundial com a França.
Mas o destino não quis
conferir tal título a este
grande craque do futebol
mundial. Na Copa de 86, ele
ainda é um dos grandes
destaques. É dele o gol na
partida contra o Brasil,
empate em 1 a 1. Nos pênaltis,
ele manda a bola para fora,
mas os brasileiros também
perdem, e duas vezes (Sócrates
e Júlio César). A França
passa pelo Brasil, mas fica na
Alemanha Ocidental.
Em abril de 1987, Platini
anuncia que está deixando a
seleção francesa após sua
71ª apresentação, desta vez
contra a Islândia, no estádio
Parc des Princes. Os
dirigentes franceses decidem
reduzir em um metro cada
lateral do gramado. A
justificativa é que ninguém
mais saberia utilizar aquele
espaço como fizera o maior
futebolista francês de todos
os tempos. Em maio, deixa também
a Juventus, se aposentando
definitivamente dos gramados,
afirmando que aquela fora
"sua primeira
morte".
No ano seguinte, no entanto, já
estaria de volta ao futebol e
à seleção, agora como
treinador. Estréia em
novembro de 88, perdendo por 3
a 2 para a Iugoslávia. Seu
melhor momento ocorre entre
agosto de 89 e novembro de 91,
quando a França fica 19
partidas invicta. Participa
das Eliminatórias da Copa do
Mundo e da Eurocopa de 92, mas
acaba deixando o comando após
uma derrota para a Dinamarca.
A saída é anunciada no mesmo
dia que a França obtêm o
direito de organizar a Copa do
Mundo de 98. Platini
presidiria, ao lado do
dirigente Fernand Sastre, a
comissão organizadora do
evento, podendo assistir de
perto à concretização da única
coisa que não conseguiu fazer
enquanto jogador: tornar a
França campeã do mundo.
Se a carreira acabara, Platini
continuou e continua sendo
brilhante fora de campo.
Fundou uma organização
beneficente em seu nome ainda
na década de 80. Em 95,
participa de um Conselho da
Federação Francesa e acaba
sendo importante em alertar a
FIFA para algumas importantes
mudanças na regra do futebol,
como a expulsão para banir o
carrinho e a proibição do
goleiro de pegar com a mão
uma bola recuada. Atualmente,
é vice-presidente da Federação
Francesa de Futebol.
Em 1997, é eleito o melhor
jogador da Juventus de todos
os tempos. Neste ano é também
eleito a personalidade
esportiva do século na França.
No ano 2000, as duas mais
importantes publicações
esportivas francesas, a
revista France Football e o
jornal L'Équipe, o elegem
como melhor jogador francês
da história, à frente de
Raymond Kopa, Just Fontaine e
Zinedine Zidane. Um título
indiscutível.
"Eu nunca tive um bom físico,
mas sempre soube disso. Então,
trabalhava mais duro para
melhorá-lo e investia em
outros fundamentos para
superar os adversários"
(Michel Platini, maior jogador
francês de todos os tempos)
"Toca pra mim que eu
coloco lá dentro"
(Michel Platini, na estréia
na seleção francesa, para o
capitão Henri Michel. Henri
tocou e Michel marcou,
empatando a partida)
"Corpo franzino e
capacidade respiratória
suficiente"
(Diagnóstico dos médicos do
Metz para reprovar o jovem
meia Michel Platini, que
acabou como melhor jogador
francês de todos os tempos)
"Ninguém mais utilizará
este espaço para lançamentos
da forma que fazia Michel
Platini"
(Justificativa dos franceses
para diminuir em um metro cada
lateral do estádio Parc des
Princes, onde jogou sua última
partida pela seleção
francesa).