"El
Negro Jefe" era como
Obdulio Varela era chamado
pelos uruguaios. O
"center-half" (posição
que hoje equivaleria ao
volante) era o capitão da
Seleção Uruguaia campeã
mundial em 50, no Brasil. Líder
nato, personalidade forte e
acima de tudo um ótimo caráter
marcaram a personalidade desse
grande jogador. Começou no
Wanderers em 37, clube que
defendeu por 6 anos. Em 43
passou ao Peñarol, onde
permaneceu até o fim da
carreira em 55, aos 38 anos.
Estreou
na Seleção de seu país em
39 e foi capitão da equipe até
54. Naquela partida da final
da Copa de 50, Brasil 1-2
Uruguai, ele carregou a equipe
de seu país nas costas,
comandando a reação.
Quando
uma verdadeira avalanche caía
sobre a defesa uruguaia.
Obdulio esfriou a partida e
empurrou todos ao ataque. Foi
eleito por unanimidade como o
melhor jogador em campo e
personificação do milagre
ocorrido naquele jogo.
Entrevistado após a partida,
limitou-se a dizer que havia
sido uma casualidade,
mostrando a humildade dos
grandes homens. Passou a noite
bebendo cerveja de bar em bar
e consolando os brasileiros,
sem se identificar. Ao chegar
no Uruguai, preferiu escapar
de fotógrafos e repórteres,
comemorando a vitória
sozinho. Sua personalidade
forte e seus princípios
sempre o destacaram. Quando o
Peñarol assinou o primeiro
contrato de patrocínio e
passou a estampar o nome de
uma empresa na camisa, todos
os jogadores vestiram o
uniforme. Menos um. Obdulio
Varela continuava a vestir a
mesma camisa de sempre, sem
patrocínio. E explicava sua
atitude: "Antes, nós, os
negros, éramos puxados por
uma argola no nariz. Esse
tempo já passou." Foi
chamado ainda de "El Gran
Capitán", por ter
conduzido o Uruguai ao seu
segundo título mundial.
"Obdulio não amarrava as
chuteiras com cadarços, mas
com as veias"
(Nelson Rodrigues, cronista
brasileiro )
"Deixei de acreditar em
Deus quando o Brasil perdeu a
Copa do 50"
(Carlos Heitor Cony, escritor
brasileiro)
"Que ninguém se iluda:
se jogássemos mais 100
vezes com o Brasil, perderíamos
99."
(Obdulio Varela, capitão
uruguaio na Copa de 50, no
Brasil)
"Pisem e urinem no Diário."
(Obdulio Varela, capitão da
seleção uruguaia de 50, após
ver a manchete do jornal
brasileiro que previa o
escrete canarinho como o Campeão
do Mundo )
"A humilhação de 50,
jamais cicatrizada, ainda
pinga sangue. Todo escrete tem
sua fera. Naquela ocasião, a
fera estava do outro lado e
chamava-se Obdulio
Varela."
(Nélson Rodrigues, escritor,
jornalista e dramaturgo, sobre
o capitão da Seleção
Uruguaia)