Joel
Antônio Martins -
Ponta-direita - Rio de Janeiro
(RJ) - 23.09.1934
Joel
Antônio Martins fez o
suficiente para ser uma referência
quanto o assunto é camisa
sete, código de identificação
dos jogadores que atuaram na
ponta-direita.
Jogou
15 vezes pela Seleção
Brasileira e marcou 4 gols.
Foi campeão do mundo em 1958,
na Suécia. É reconhecido
como um dos principais
jogadores do Flamengo, clube
pelo qual disputou 404 jogos e
marcou 115 gols. Transferiu-se
por duas temporadas para o
Valencia, da Espanha, e
retornou ao Brasil para
encerrar a carreira no
Flamengo, seu clube de coração.
Jogou
também no Vitória, da Bahia.
Joel só não virou uma referência
absoluta porque decidiu ser
ponta-direita na mesma época
em que Garrincha reinava
absoluto e entortava seus joões
mundo afora.
A bem da verdade, Joel fez
sucesso antes de Garrincha.
Quando este buscava sua afirmação,
Joel já era o melhor da
ponta-direita nos primeiros
anos de Maracanã, e foi
decisivo para que o Flamengo
conquistasse o tricampeonato
estadual entre 1953 e 1955. A
carreira de atleta teve início
no time do Colégio Santo Antônio
Maria Zacharias, no bairro do
Catete, onde Joel nasceu. Foi
para os juvenis do Botafogo,
mas logo depois chegou à Gávea
para fazer história.
Em 1953, no Torneio
Quadrangular de Buenos Aires,
disputado por Flamengo, San
Lorenzo, Boca Juniors e
Botafogo, Joel foi um dos
grandes destaques, comandando
o ataque do Flamengo que
acabou conquistando o título
ao bater o Botafogo no
Monumental de Núñez por 3x0,
um dos gols marcado pelo próprio
Joel.
O ataque do Flamengo tricampeão
teve algumas variações, mas
sempre com Joel na
ponta-direita. Mesmo vigiado
por grandes marcadores, como o
vascaíno Coronel e o
botafoguense Nilton Santos, o
ponta foi responsável por
muitos gols do primeiro
tricampeonato da Era Maracanã.
Sua regularidade o levou à
seleção brasileira.
O primeiro jogo de Joel com a
camisa que conquistaria o
mundo nos anos seguintes foi
no dia 13 de março de 1957.
No Estádio Nacional de Lima,
no Peru, pelo campeonato
sul-americano, Joel formou o
ataque da seleção ao lado de
Evaristo, Zizinho e Pepe na
goleada brasileira de 4x2
contra o Chile.
A história acabou por
registrar como absurda a
titularidade de Joel na seleção
brasileira que estreou no
Mundial da Suécia no dia 8 de
junho de 1958, em Uddevalla.
Na verdade, era o
reconhecimento de que ali
estava um dos mais cerebrais
atacantes brasileiros, com a
mesma importância tática de
Zagalo, mas mais ofensivo que
o futuro técnico do tri.
Joel se saiu bem no primeiro
jogo, quase marcou um gol e só
deixou o time no terceiro jogo
porque Feola tirou Dida,
Mazola e Joel para dar vez a
Pelé, Vavá e Garrincha. A
exibição de Garrincha contra
os russos excluía a hipótese
de outro ponta-direita
aventurar-se por ali, por
melhor que fosse. Garrincha não
era o melhor, era um gênio em
seu maior momento, e Joel era
o primeiro a reconhecer-lhe o
mérito.
Joel transferiu-se para o Valência
em 1959 e voltou ao Flamengo
para conquistar o Torneio
Rio-São Paulo de 1961,
marcando um dos gols do jogo
decisivo contra o Corinthians.
Jogou mais dois anos, mas não
abandonou o futebol. Continuou
trabalhando no Flamengo, em
suas divisões de base, com a
missão de reconhecer os
talentos que chegavam na Gávea.
A última aparição pública
de Joel foi em um programa de
televisão no dia 30 de junho
de 2002, poucas horas após o
Brasil conquistar o
pentacampeonato mundial em
Yokohama.
Joel foi convidado como
representante do time responsável
pela primeira das nossas cinco
estrelas, mas representava
muito mais do que isso. Era um
elo de ligação entre o
futebol jogado por paixão e o
esporte que movimenta centenas
de milhares de dólares a cada
mundial. E o sorriso franco de
Joel não deixava dúvidas.
Ele não se tornou um milionário
com o futebol, mas mesmo aos
71 anos de idade ainda era
apaixonado pela bola e pela
seleção de seu país.
Joel Antônio Martins faleceu
no dia 1º de janeiro de 2003.
Foi velado no Salão Nobre da
Gávea e sepultado no cemitério
de São João Batista, no Rio,
com a bandeira do Flamengo no
peito.
"Fui
titular na seleção e jogo
pelo Flamengo. Que mais posso
querer na minha vida?"
(Joel, jogador do Flamengo
e da seleção brasileira)
"Tive
o raro privilégio de deixar
Mané Garrincha na reserva na
Seleção Brasileira campeã
mundial na Suécia em
1958"
(Joel, referindo-se ao
fato de ter jogado na mesma época
de Garrincha)
"Joel
foi um dos jogadores mais
inteligentes com quem tive a
oportunidade de jogar"
(Evaristo de Macedo,
ex-jogador e técnico de
futebol)