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VAN BASTEN

Marco Van Basten - Atacante - Utrecht (Holanda) - 31.10.1964 

"Tomei minha decisão, parei de lutar". Com essa histórica frase, Marco Van Basten deu adeus ao futebol, em agosto de 96, aos 31 anos. O holandês colocava um ponto final a um calvário de contusões no tornozelo, que encerraram prematuramente uma das mais brilhantes carreiras que o futebol europeu e mundial já acompanharam. Formado nas divisões de base do Ajax, entrou em campo pela primeira vez como profissional no dia 3 de abril de 1982. O Ajax jogava contra o NEC, e na metade do segundo tempo um jovem atacante de 17 anos chamado Van Basten entrava no lugar de um cansado meia de 35 anos: o lendário Johann Cruyff. 

Poucos poderiam imaginar o forte conteúdo simbólico que aquela substituição teria. Van Basten, que naquela mesma partida já deixou sua marca, viria a ocupar o lugar de grande ídolo no coração dos holandeses. E não só deles.

No dia 20 de novembro de 1986, o Milan supera a concorrência de Real Madrid e Barcelona, anunciando a contratação de Van Basten, que iria para a Itália para disputar a temporada 1987/88. Aos 22 anos, ele deixava o Ajax com um currículo invejável: 127 gols marcados em 129 partidas, além de três títulos nacionais e um da Recopa. No time italiano, formou o lendário trio holandês com Gullit e Rijkaard. Sob o comando de Arrigo Sacchi, o Milan de Van Basten conquistou tudo que foi possível no futebol mundial no final dos anos 80 e início dos anos 90.

Assim como no Ajax, Van Basten encontrou as redes logo na estréia com a camisa do Milan. Foi no dia 13 de setembro de 1987, na vitória do Milan por 3 a 1 sobre o Pisa. Em seu primeiro Campeonato Italiano, as dores no tornozelo já o atormentavam, o que lhe obrigou a fazer a primeira cirurgia. Van Basten disputou apenas 11 partidas na temporada e marcou três gols. O mais importante, na vitória sobre o Napoli de Maradona, que valia a liderança do Campeonato Italiano e marcou a arrancada do Milan para o título.

Recuperado, jogou a Eurocopa de 1988 pela Seleção da Holanda. O futebol da Laranja Mecânica fez o mundo lembrar dos tempos de Johann Cruyff, e Van Basten era um dos grandes responsáveis por isso. Ajudou a colocar a Holanda na final, e na decisão contra a União Soviética marcou um gol inesquecível, acertando um voleio praticamente sem ângulo, surpreendendo até mesmo o excelente goleiro Dasaev. A geração de Gullit e Van Basten se consagrava com o título europeu. Dois anos depois, na Copa do Mundo, Van Basten não estava em boas condições físicas, e a Holanda acabou decepcionando.

Dribles, toque de bola, potência e uma incrível precisão fizeram de Van Basten um nome inesquecível no futebol mundial. Inúmeras foram suas conquistas individuais. Por três vezes, ganhou a Bola de Ouro como melhor jogador do mundo: 1988, 89 e 92. Por seis vezes, foi artilheiro: quatro na Holanda (84, 85, 86, 87) e duas na Itália (90 e 92). Em 1986, foi o maior artilheiro de toda a Europa, com os 37 gols marcados em 26 partidas no Campeonato Holandês. Van Basten chegou a marcar cinco gols na mesma partida (Holanda 8 x 0 Malta, em 1990).

Van Basten se acostumou a levantar taças com a camisa do Milan: foram três Campeonatos Italianos (88, 92 e 93), duas Copas dos Campeões da Europa (89 e 90), dois títulos mundiais (89 e 90). Sua última partida como profissional aconteceu no dia 26 de maio de 1993: a decisão da Copa dos Campeões contra o Olympique de Marselha, que o Milan acabou perdendo por 1 a 0. Na temporada 1992/93, Van Basten entrou poucas vezes em campo.

Seu tornozelo já não permitia que ele mostrasse o futebol que o consagrou. Nos três anos seguintes, passou por cirurgias, tentativas de retorno, mas acabou sendo tudo em vão. A Copa de 1994 acabou privada do talento de Van Basten. Em 96, com a dignidade dos grandes, Van Basten anunciou o fim de sua carreira. O "artista da grande área", como ficou conhecido pelos italianos, escrevia seu nome na história dos maiores do futebol.

 "Van Basten, o divino."
(Gianni Brera, comentarista italiano, sobre Van Basten)

 "Um centroavante entre os maiores da história do futebol mundial."
(Gazzetta dello Sport, jornal italiano, em homenagem na despedida de Van Basten)

 "Decidi parar de jogar quando a dor do tornozelo começou a se espalhar por todo o corpo."
(Van Basten, sobre o fim prematuro de sua carreira)

  "O mais frustrante para mim não foi a maneira na qual machuquei o tornozelo, mas a maneira em que fui tratado pelos médicos. Tenho certeza que quem causou mais danos ao meu tornozelo não foi nenhum jogador, e sim um cirurgião."
(Van Basten, sobre as contusões no tornozelo)

 "Van Basten é como Leonardo da Vinci. Leonardo era eclético. Era tudo. Engenheiro, artista."
(Adriano Galliani, vice-presidente do Milan, sobre Van Basten)

 "Todo mundo, inclusive eu, quer ser como Van Basten."
(George Weah, atacante liberiano considerado o melhor do mundo em 95 e que substituiu Van Basten no Milan)