Mercado
Inflacionado – Times fazem
de tudo para atrair jogadores,
oferecendo até empregos
Muitos
jogadores de futebol amador
vestem a camisa dos times para
defender seu bairro ou porque
gostam de aproveitar momentos
de lazer ao lado de amigos. A
disputa por atletas de
qualidade, no entanto, vem
motivando boas ofertas para
montar um elenco forte. As
contratações são feitas por
meio de salários em dinheiro,
materiais de construção e até
vagas de emprego. O mercado da
várzea ficou bastante
inflacionado às vésperas da
45ª Copa Itatiaia e muitos
recursos foram captados com
empresas patrocinadoras e, no
caso dos times da região
metropolitana, com as
prefeituras municipais.
Alguns
clubes não admitem que pagam
salários aos jogadores, o que
proibido no Futebol Amador e
outros dizem que a única
recompensa é a cerveja após
as partidas. O Gerente do
Setor de Futebol Amador da
Capital (SFAC), Marco
Arthur Mendonça, condena o
pagamento de salários.
“Essa prática é proibida,
pois caracteriza
profissionalismo. O jogador
amador não pode receber”,
afirmou. Ele ainda informou
que desconfia da existência
da prática há muito tempo,
mas não há como provar.
“Isso prejudica o futebol
amador, que deveria ser
tratado como lazer”,
declarou o gerente.
O
Vila Rica, de Sabará, é uma
das equipes que fala
abertamente sobre o assunto.
De acordo com o presidente
Cleber Narciso Garcia, o
Tebinha, a prefeitura de Sabará
foi a maior fonte de recursos
para o time no torneio.
“Procurei o prefeito Sérgio
(Luiz de Freitas) e pedi uma
ajuda, porque vários atletas
estavam sendo sondados por
outros times. Ele deu R$
2.000,00, o que deu para
segurar 10 jogadores”,
afirmou o presidente. Os mais
procurados no Vila Rica são
os atacantes Dinho , Naldo e César
e os zagueiros Leléo e
Luqinha. Cada um deles recebeu
R$ 200,00, segundo Tebinha.
A
negociação com Dinho foi a
mais complicada. Ele teria uma
proposta do Brumadinho, que
pagaria R$ 500,00, mais um
bicho de R$ 50,00 por jogo.
“Estávamos fechando o grupo
e ele me disse que estava sem
graça de falar, mas precisava
do dinheiro para pagar uma
pensão. Nós não podíamos
pagar tanto e ele acabou
ficando, manteve a palavra”,
revelou o presidente.
Tebinha
contou que o atual campeão da
Copa Itatiaia também recebe
ajuda financeira de
comerciantes, além do
dinheiro que sai do bolso dos
diretores. De acordo com ele,
o pagamento de jogadores é
necessário para a composição
de um grupo de qualidade. “É
complicado montar um time
porque tem muita procura pelos
atletas. Para ter um grupo
forte e bons resultados, tem
que ter dinheiro, senão nem
classifica”, afirmou o
presidente, que está há dois
anos no cargo.