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Para jogar andava até  em  Pau-de-arara.......

Firmo Lott é figura por demais conhecida entre os boleiros do Vale do Aço. Trata-se de um dos pioneiros do futebol amador regional, ex-jogador, ex-treinador, ex-dirigente e eterno “corneteiro”.

Reconhecido como um dos primeiros nomes do futebol ipatinguense a tentar uma carreira profissional – com relativo sucesso, diga-se de passagem –, Firmo continua na ativa, sendo facilmente encontrado nos campos da nossa região, sempre com uma história ou uma gozação aos boleiros.

Lá pelos idos de 1960, de volta a Ipatinga após uma passagem pelo futebol profissional, ele não perdia uma “pelada” que fosse. Era o típico “fominha”. Tinha jogo de algum time conhecido, em qualquer cidade das redondezas, lá estava o Firmo, animado, com sua chuteira debaixo do braço e muita disposição para correr atrás da pelota.

Requisitado por vários times, que reconheciam nele uma grande habilidade com a bola nos pés, Firmo não esperava nem ser chamado para jogar. Ele mesmo se apresentava, humilde, para contribuir com o seu talento.

Foi numa dessas que aconteceu o caso que hoje narramos.

Era um tempo de obras na Usiminas, “paradas” nos altos-fornos e na coqueria, e muita gente na cidade, atraída pela expansão da siderúrgica ipatinguense. Era um tempo em que a peãozada era transportada em caminhões, muitos deles sem capotas e nenhum conforto, nos quais os operários eram amontoados nas carrocerias e literalmente despejados na portaria da usina.

Esse tipo de transporte, aliás, era o mesmo utilizado pelos times amadores de Ipatinga e pelos “cata-catas” que se formavam nos bairros. Ao contrário dos dias atuais, quando as equipes, por mais mequetrefes que sejam, viajam com um certo conforto, pelo menos em ônibus, eram tempos difíceis, mas divertidos.

Quem jogava bola naquela época já sabia de cor os pontos de paradas desses caminhões que “catavam” os jogadores. O ponto principal era no centro de Ipatinga, próximo à atual Praça 1º de Maio, em frente de onde funcionava a antiga Policarbono. E, dentre os boleiros daquela época, Firmo Lott era o mais assíduo. Todo domingo,fizesse chuva ou sol, lá estava ele no ponto, à espera do primeiro time que passasse de caminhão.

Fominha que só ele, num desses domingos, depois de perder uns três caminhões que passaram para recolher os jogadores, enquanto esperava um amigo, Firmo Lott perdeu a paciência e decidiu que embarcaria no próximo caminhão que passasse. Não importava o time e tampouco aonde seria o jogo. O que ele queria mesmo era jogar bola.

Impaciente com a demora do tal amigo – há quem garanta que ele esperava o já folclórico Orli Berger –, Firmo subiu na carroceria do próximo caminhão que passou e, como de costume, sentou-se na frente da carroceria, de onde animava a turma.

Dessa vez, porém, Firmo Lott notou que não havia nenhum conhecido. Ele também não sabia que time era aquele. Mas, mesmo assim, decidiu encarar a jornada. Ele já começava a se enturmar, quando o caminhão parou e, rapidamente, começaram a saltar os passageiros.

De um pulo, Firmo Lott desceu da carroceria e, com a chuteira debaixo dos braços, veio a surpresa. Em vez de um campo de futebol, o caminhão parou numa área da Usiminas, lá pelas bandas do Horto. Sem saber aonde estava, dirigiu-se então à primeira pessoa que cruzou seu caminho:

- Cadê o treinador? Cadê o campo? Cadê o time?

E logo veio a resposta:

- Que treinador? Que campo? Que time? Se quiser falar com o encarregado, ele está ali na frente, dentro do barracão do almoxarifado.

Foi aí que a ficha caiu: Firmo Lott saiu correndo, de volta pra casa e esconjurando todo mundo. Em vez de meião e camisa, ofereceram a ele um capacete para trabalhar na parada do alto forno da Usiminas.

Nunca mais Firmo Lott embarcou em qualquer veículo sem antes perguntar qual era o seu destino.