Fonte
- Jornal Diário da Tarde -
BH - MG
- Segunda-Feira - 28/08/2006
Malaquias
relembra os bons tempos da Várzea
e lamenta as dificuldades de hoje
Considerado
uma relíquia do futebol amador, o presidente e diretor da
equipe dos Santos SC (do Bairro Vera Cruz, na região Leste de
Belo Horizonte), Francisco Malaquias Ferreira, mais conhecido
como Malaquias, leva na bagagem anos de história na várzea.
O diretor começou a se envolver com o futebol quando virou
atleta, jogando na equipe do América, na cidade de Santa
Cruz, no ano de 1930.
A partir dos anos 50, Malaquias começou a atuar em cargos
relacionados à administração e gerência dos times. Quando
chegou a Belo Horizonte, o seu primeiro time foi o Cinco
estrelas, depois atuou em mais três times. Jogou no Ferroviário,
do Bairro Pompéia, até que em 1956, junto com amigos, fundou
a equipe do Santos.
O diretor afirma que queria que o time se chamasse Associação
Águia Azul, para que a sigla fosse A.A.A., mas como os amigos
não gostaram da idéia, o nome escolhido foi Santos. A filiação
do Santos na Federação de Futebol Amador só se deu quatro
anos após a sua fundação. O time, que completou este ano 60
anos, já é reconhecido pela Fifa, como conta Malaquias.
Com seus 91 anos de vida (76 deles dedicados ao futebol
amador), Malaquias faz críticas à atual realidade do futebol
e mostra embasamento. O amador mudou muito. Agora, tem muito
time aí que paga os jogadores, e isso é contra a lei, está
na constituição do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol
(CBDF), afirma. O diretor, que durante a história do Santos
sempre atuou como técnico, diretor, presidente e o que mais
podia fazer, afirma que nunca pagou nenhum jogador.
Malaquias diz ainda que os custos para se manter um time são
altos, e a conquista de um campeonato não paga a despesa
durante toda a competição.
“Nem
sempre vale a pena ter um time, as despesas são muitas, pago
tudo do meu bolso. Agora, com essa prática de pagar o
pessoal, fica mais difícil ainda”, afirma.
Nome
do time é homenagem ao Rei Pelé
Malaquias
conta que o nome de seu time veio de uma homenagem a Pelé e
ao Santos. De acordo com ele, Pelé é o rei do futebol, e o
time do Santos na época era quase imbatível, e hoje ainda
continua sendo uma boa equipe. O diretor afirma que diferente
dele, seus filhos não tiveram tanto interesse por futebol.
Tenho um garoto e duas meninas. O primeiro, quando mais novo
até jogava bola, depois começou a namorar e desistiu do
futebol, conta o técnico, que acabou com uma psicóloga, uma
fisioterapeuta e um advogado dentro de casa. Quando perguntado
sobre os títulos do Santos, o diretor se lembra imediatamente
do campeonato de futebol amador de Belo Horizonte realizado em
1962, em que venceu nas categorias amador e juvenil.
Apesar de tantos esforços, o diretor afirma que está até
hoje no amador pelo amor ao esporte e que muitas vezes abre mão
até de compromissos com a família por causa do futebol.
Neste ano, Malaquias está lidando com uma nova realidade
dentro de seu clube.
Há três meses, foi fundada a categoria júnior no Santos e o
time já começou com um bom resultado na Copa júnior do
Setor de Futebol Amador da Capital (SFAC), vencendo o Aliança
por 4 a1. O diretor diz que tem um bom relacionamento com os
jovens, mas seu contato não é tão direto assim. Quem fica
mais próximo mesmo é o técnico. Já não sou novo, e não
tenho disposição para andar muito e gritar, então fico mais
orientando de longe, finaliza.